Passada a febre dos sites de compras coletivas no País, cujo auge foi atingido no ano de 2011, as empresas do setor agora buscam agregar novos serviços para não deixar os negócios minguarem. A quantidade de concorrentes no mercado nacional chegou a 1.200, mas estima-se que a metade já saiu da rede ou foi absorvida pelos grandes players.
Segundo dados da e-bit, ano passado as receitas das empresas sobreviventes cresceram só 3% na comparação com 2011, enquanto as vendas pela internet avançaram 20% no Brasil. O Alexa.com, site que mede o tráfego na internet, traz outro dado preocupante: de abril de 2012 a abril deste ano, o número de internautas que acessam os principais sites de compras coletivas no País despencou de 70% a 90%.
Para tentar reverter estas estatísticas, até mesmo os gigantes do segmento buscam formas de atrair mais público e fidelizar a clientela. É o caso do Peixe Urbano, que há um ano e meio adquiriu os sites O Entregador, que permite realizar pedido online de gastronomia com entrega no local desejado, e Zoopa, voltado a reserva de restaurantes pela internet. Essas pequenas empresas foram transformadas em Peixe Urbano Delivery e Reservas.
“Temos focado bastante nos últimos meses no crescimento destes serviços em São Paulo e Rio de Janeiro e no decorrer do ano vamos lançar em Curitiba”, revela um dos sócios-fundadores, Émerson Andrade, em entrevista ao Paraná Online. “A pessoa que quer comprar um hambúrguer escolhe entre uma lista de locais, paga e recebe em casa”, exemplifica.
Comércio eletrônico ainda aguarda definição no marco regulatório
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Parrilli: prevenção antifraudes. |
A discussão sobre o marco regulatório da internet no Brasil, que vai definir as regras para este setor, prossegue no Congresso Nacional. O comércio eletrônico entrará na legislação, mas ainda não há definições sobre possíveis normas. Em maio, o decreto presidencial 7962/2013 regulamentou o comércio eletrônico no Código de Defesa do Consumidor.
Para o professor doutor Davide Parrilli, especialista da Bélgica, a legislação precisa vir acompanhada de uma forte prevenção contra fraudes na internet. “Se as pessoas têm medo de usar cartão de crédito na compra pela internet, este tipo de comércio não pode expandir. O marco regulatório precisa ajudar a construir esta confiança. Se não tiver confiança do consumidor, não adianta”, afirma. Ele explica que na Europa há um seguro em que, nos casos de fraude, os bancos são obrigados a reembolsar as vítimas. “Este sistema garante um número grande de usuários”, comenta.
O comércio eletrônico depende da expansão da internet em todo o mundo. Há ainda regiões de países desenvolvidos ou nações em desenvolvimento que ainda não possuem um serviço de comunicação que atinge toda a população. “Se um consumidor utiliza rede social, ganha familiaridade com internet. Se o usuário tem um conhecimento mais consistente da internet, a possibilidade de ele comprar é maior”, comenta. “Há ainda muitas possibilidades na venda de bens pela internet, mas existe evolução no comércio eletrônico de serviços”, indica.
Dá pra economizar até 80%
Criado em março de 2010, o Peixe Urbano conta com 25 milhões de pessoas conectadas e 20 mil estabelecimentos que já fizeram negócios em todo o País. Em Curitiba, onde está presente desde maio de 2010, foram 2 mil ofertas e 700 mil cupons vendidos. “Isso representa uma economia para os usuários de R$ 70 milhões em relaç&atild,e;o ao preço normal”, destaca Andrade.
O público majoritário tem de 20 a 40 anos, das classes A e B e é predominantemente feminino (65%). Gastronomia é o segmento que mais vende na capital paranaense, representando 300 mil cupons, com valor médio entre R$ 30 e R$ 40. “Lazer e turismo também vendem bem aqui, com tíquete médio de R$ 200”, ressalta, acrescentando que “ano passado vendemos 18 mil cupons de um passeio de trem para Morretes”. Outro ramo de destaque é a estética, com valor médio de R$ 50 a R$ 60.
Todas as classes
Já o Groupon atua em Curitiba desde agosto de 2010. No interior do Estado, está presente em Maringá e Londrina. Na capital, já realizou mais de 11 mil ofertas com mil parceiros diferentes, que resultaram na venda de aproximadamente 550 mil cupons com descontos de até 80%. Gastronomia responde por mais 30% das transações na cidade. Uma oferta de rodízio de pizzas e calzones vendeu mais de 6 mil cupons.
Lazer é o segundo segmento mais procurado pelos curitibanos, com destaque para uma oferta de circo que comercializou quase 5 mil vouchers. Na sequência, aparecem beleza, bem-estar e serviços em geral.
Entre os internautas curitibanos que compram pelo Groupon, a média dos tíquetes é de R$ 60. Mais de 40% dos compradores da capital do Paraná têm entre 26 e 35 anos e 60% são mulheres. “Atendemos clientes de todas as classes e nosso trabalho hoje é para aumentar número de acessos/cadastros, sempre levando em conta a qualidade dos serviços oferecidos”, informa.
Vantagens tanto pra novatos quanto pra conhecidos
Compra coletiva pode ser um negócio vantajoso tanto para quem compra como para quem vende. As empresas não precisam fazer nenhum investimento inicial, mas os sites ficam com uma comissão, que varia de 30% a 50% do valor de cada voucher validado.
A proposta do Groupon é ser mais do que um site de descontos, oferecendo ofertas que tenham valor agregado com a experiência. “Nosso principal diferencial é a capacidade de constantemente inovar e melhorar nossos sistemas internos de qualidade. Por termos uma rede internacional, conseguimos oferecer novidades e melhorias tecnológicas com mais agilidade”, enfatiza a assessoria da empresa.
Segundo Émerson Andrade, sócio do Peixe Urbano, o modelo é um meio muito forte para ajudar estabelecimentos recém-abertos a se tornarem conhecidos e para um comércio ou prestador de serviços muito tradicional renovar sua base de clientes. “Um hotel no litoral costuma ficar vazio na baixa temporada e, dessa forma, consegue atrair um grande número de pessoas”, cita. Para ele, a vantagem não é o lucro da ação em si, mas o retorno de fidelização boca a boca que gera.