Site condena os castigos físicos

Castigos físicos como tapinhas na mão, palmadas, beliscões, tapas, bofetões e até surras por muito tempo foram a única forma de educar conhecida pelos pais. No entanto, especialistas em educação afirmam que as agressões, incluindo as moderadas e leves, não cumprem seu objetivo. Pelo contrário, criam adultos inseguros, submissos, com baixa auto-estima, além de banalizar a violência. As instituições que integram a Rede Não bata, eduque! lançaram o site www.acabarcastigo.org.br para orientar os pais. Lá é possível encontrar dicas sobre como lidar com os filhos na hora do conflito e as dúvidas mais freqüentes sobre o tema.

Segundo a gerente de projetos da Comunicarte, Alessandra Miranda, hoje os pais estão aceitando discutir se as palmadas ou as surras são a melhor forma de educar. ?Uma das principais demandas desse público é quanto às alternativas aos castigos. Quando não encontram outras soluções, vem a resistência à mudança porque ninguém quer que o filho se torne mal-educado?, comenta Alessandra.

O site foi criado para ser mais uma ferramenta da qual os pais podem lançar mão para deixar os castigos de lado. São vários tipos de informações e pesquisas que mostram por que a violência, ao invés de educar, prejudica o desenvolvimento da criança.

A página na internet divulga ainda o projeto de lei que modifica o Estatuto da Criança e Adolescente (ECA) e o Novo Código Civil. Hoje as crianças e adolescentes já têm proteção legal quando se trata de agressões graves, mas o mesmo não acontece com os casos mais leves. A proposta proíbe qualquer forma de punição e prevê ações de auxílio às famílias para encontrarem outras formas de educar os filhos. Ano passado chegou a ser votado na Câmara, mas voltou para ser discutido no plenário.

Se por um lado, boa parte das famílias ainda usa as palmadas para educar, existe também uma tendência mundial para a mudança. Na Suécia, os castigos físicos foram banidos há 10 anos. Acredita-se que a violência cometida contra os pequenos também forma adultos mais agressivos.

Números

Segundo dados da Prefeitura de Curitiba, em 2005, a Rede de Proteção à Criança e ao Adolescente em Situação de Risco, que envolve profissionais da área da saúde e educação, registrou 2.733 casos de violência doméstica, comprovados ou não. Um quarto deles se tratava de violência física.

A responsável pelo programa municipal, a médica pediatra Hedi Muraro, diz que a maioria desses casos estavam relacionados à prática educacional dos pais, que acreditam que a violência física é uma forma de disciplinar. Mas esse número deve ser bem maior. Segundo pesquisas americanas, para cada caso notificado existem outros 20 que não foram detectados.

Hedi fala ainda que a maioria dos dados também se refere aos casos mais graves de agressão. Para ela, não há dúvida de que a violência deve ser banida da educação dos filhos. Denúncias sobre agressões podem ser feitas pelo telefone 156. 

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