Sipar vai substituir aterro sanitário da Caximba

A um ano de desativar o aterro da Caximba, utilizado para depositar o lixo de Curitiba e outros 15 municípios vizinhos que formam o Consórcio Intermunicipal para Gestão de Resíduos Sólidos Urbanos, um novo modelo de destinação e tratamento deve ser implantado pelas cidades consorciadas. Trata-se do Sistema Integrado de Processamento e Aproveitamento de Resíduos (Sipar), que funcionará como se fosse uma indústria de tratamento e reaproveitamento de quase todas as 1.800 toneladas de lixo que cada município lança diariamente na Caximba hoje.  

Viabilizado por meio de técnicas de separação e compostagem, a estrutura promete atrair investimentos internacionais, já que, no Brasil, não há qualquer empreendimento que agregue todas as tecnologias necessárias em um só sistema. O edital de licitação que elegerá a empresa ou o consórcio de empresas responsável pela operação tem lançamento previsto para o próximo dia 28. Ontem, foi realizada a última audiência pública antes da abertura da concorrência.

O secretário de Meio Ambiente de Curitiba, José Antônio Andreghetto, afirma que o Sipar foi pensado para substituir a idéia do aterro. ?Por mais tecnologia que possamos colocar em um aterro, ele tem seus passivos ambientais?, explica. E, como a Caximba está no fim de sua vida útil, para a secretaria, é hora de novas alternativas. ?Projetamos um sistema que contemple o máximo aproveitamento dos materiais e exija minimamente o uso de um aterro?, diz a secretária executiva do consórcio, Marilza Dias.

Modelo

Isso será possível, de acordo com a secretária, com a aplicação de tecnologias que promovam o aproveitamento com base no tipo de lixo que produzimos. Hoje, do total que entra na Caximba, 31,8% são recicláveis, 38,1%, orgânicos (e, portanto, passíveis de compostagem) e 30,1% de rejeitos. ?Esses, apesar de não recicláveis e não compostáveis, podem ser usados para aproveitamento energético?, afirma. O modelo prevê que durante os primeiros seis anos de operação a percentagem de aproveitamento aumente gradualmente, com parte do valor da venda dos produtos gerados revertendo aos municípios, até que reste apenas 15% do lixo indo para aterro (veja quadro).

Aliado à técnica, os municípios prometem ampliar ações de coleta seletiva, reciclagem e diminuição da geração de resíduos. A média diária em Curitiba, hoje, é de 800 gramas a um quilo por habitante. ?O ideal é que a separação do lixo seja mais efetiva, porque, ainda que o sistema contemple essa técnica, a qualidade do lixo misturada aos demais fica prejudicada?, explica Andreghetto.

A área onde será implantado o sistema está em estudo e será eleita a que apresentar as melhores condições ambientais. As empresas concorrentes deverão implementar e operar o sistema ao preço máximo de R$ 73 a tonelada de lixo. A abertura das propostas está prevista para o dia 14 de janeiro de 2008 e o novo sistema deve começar a funcionar no início de 2009.

Assunto é polêmico junto ao MP

O empreendimento previsto pelo consórcio, entretanto, vem gerando polêmica principalmente junto ao Ministério Público (MP) do Estado, que pensa as soluções individuais como econômica e socialmente mais viáveis. O promotor de Meio Ambiente, Saint Clair Honorato Santos, defende os modelos locais como mais eficientes e mais baratos.

?Cidades com até cem mil habitantes podem resolver o problema do lixo com pequenas usinas de compostagem e reciclagem efetiva. A partir daí, precisaríamos apenas de uma pequena área de aterro para rejeitos, que corresponde a 20% do lixo gerado nos municípios, e de ações para diminuição desse passivo?, justifica.

Ele afirma ainda que, dessa forma, o município não precisa concessionar o serviço e pode tirar proveito integral da venda dos compostos e recicláveis, bem como economizar com o transporte do lixo. É o caso de Bituruna, onde, depois de implantar o sistema, a prefeitura passou a economizar mensalmente mais de R$ 12 mil.

Já a Secretaria de Meio Ambiente afirma que o Sipar visa não apenas a destinação de resíduos, mas a prática de administração integrada entre Curitiba e a Região Metropolitana até porque, segundo a secretaria, há poucas áreas disponíveis para esse tipo de empreendimento na RMC, composta em boa parte por áreas de mananciais.

Grupos de WhatsApp da Tribuna
Receba Notícias no seu WhatsApp!
Receba as notícias do seu bairro e do seu time pelo WhatsApp.
Participe dos Grupos da Tribuna
Voltar ao topo