O Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Refinação, Destilação, Exploração e Produção de Petróleo nos Estados do Paraná e Santa Catarina (Sindipetro-PR/SC) está denunciando a atuação irregular da Petrobras nos campos de petróleo de Coral do Sul e Estrela do Mar, no litoral dos dois Estados. Segundo o sindicato, o estudo e o relatório de impacto ambiental (EIA/Rima) são questionáveis, pois o órgão sindical não foi chamado para as audiências públicas. Outro questionamento diz respeito à terceirização da atividade-fim da Petrobras, que é a produção e exploração de petróleo.
O diretor do Sindipetro-PR/SC, Anselmo Ernesto Ruoso Júnior, explicou que o campo de Coral do Sul pertence ao consórcio Petrobras (35%), Queiroz Galvão (30%), Coplex (27,5%) e Starfisch Oil Gás (7,5%). Ele alegou que os serviços do campo estão sendo feitos pela terceirizada Petroserv. “A atividade-fim não pode ser terceirizada. Junto à Agência Nacional do Petróleo (ANP), quem é a responsável pelos campos é a Petrobras”, alegou Ruoso, imputando à empresa também responsabilidade sobre o acidente que matou o marinheiro de convés Maurício Romário dos Santos, na última quinta-feira.
Outro questionamento do sindicato diz respeito ao fato da Petrobras ter pretensão de transferir para o Rio (RJ) a direção da Unidade de Exploração do Sul (UN-Sul). “Em fevereiro eles (Petrobras) informaram internamente aos funcionários que centralizariam as operações da UN-Sul no Rio. Mesmo assim, em agosto, como forma de demonstrar interesse da companhia em prosseguir seus investimentos na região ? em Itajaí (SC) ?, a empresa aprovou EIA-Rima como se fosse permanecer”, criticou o sindicalista, destacando que no fundo a Petrobras tem interesse em vender quotas de participação na UN-Sul a preço menor que o limite mínimo (proibido pela ANP), para multinacionais. Conforme o sindicalista, a transação ilegal seria altamente prejudicial ao País, pois o petróleo produzido na região Sul é de alta qualidade. “O petróleo aqui do Sul é ótimo. Ele é colocado junto com o petróleo mais viscoso para ser refinado. Sem ele é impossível refinar petróleo”, explicou Ruoso.
UN-Sul
O gerente geral da UN-Sul, Luiz Amaury Rediguieri, afirmou que o EIA/Rima está completamente regular, tendo sido feitas audiências públicas em Itajaí a pedido do Ibama. Ele destacou que em uma das reuniões de apresentação do projeto o Sindipetro PR/SC participou.
Quanto à atividade-fim da empresa ele destacou que a colocação do sindicato é questionável. “O que está sendo feito pela terceirizada é a operação da sonda, que não pode ser analisada como a atividade-fim da empresa. Tudo foi definido por todos os sócios do consórcio”, afirmou.
Já a transferência de ações é segundo Rediguieri, normal, na medida que a Petrobras está submetida à nova lei do petróleo, que a coloca dentro do mercado internacional. “Podemos tanto comprar como vender, afinal estamos no mercado. Tudo isso regulamentado pelo que diz a lei aprovada pelo Congresso em 97”, explicou, destacando que apenas alguns técnicos de exploração e produção estão sendo transferidos.