O Sindicato dos Taxistas Autônomos do Paraná entrou com um mandado de segurança contra o recadastramento que a Urbanização de Curitiba S.A. (Urbs) está fazendo dos 2.252 titulares de licenças de táxis da capital. A medida foi adotada depois de denúncias de irregularidades na concessão das licenças.

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No entanto, o sindicato alega que a mesma medida deveria valer para outros serviços controlados pelo órgão, como permissão de veículos escolares e de fretamento.

O recadastramento, que começou ontem e segue até dia 20 de dezembro, é feito de acordo com o número final da licença dos veículos. Ontem, ninguém realizou o recadastro. Apenas nove proprietários procuraram orientação.

Todos os titulares das permissões deverão apresentar documentos para confirmar o atendimento de todas as exigências da lei municipal do serviço de táxis (de 1970) e do regulamento dos serviços de transporte individual de passageiros (de 1990). Quem não se recadastrar pode perder a licença.

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Até dezembro estão suspensas transferências de titularidade das licenças. Segundo a Urbs, uma média de 70 são feitas por ano. Pela legislação atual, essas transferências devem ocorrer de forma voluntária, para quem ainda não é titular de licença do serviço ou tenha outra fonte de renda.

No entanto, o que ocorre é uma comercialização informal das licenças, que segundo especulações, são vendidas em média por R$ 100 mil. O gestor da área de fiscalização e controle do transporte coletivo e coordenador do recadastramento da Urbs, Edson Luiz Berleze afirmou que o órgão tem informação desse “mercado”, no entanto, não tem instrumentos para interferir. “Se ocorrer uma denúncia documentada poderemos fazer uma investigação”, disse.

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Do total de permissões para explorar os serviços de táxis em Curitiba, 2.035 são de autônomos e 217 de táxis que pertencem a 18 empresas. O número de permissões não é alterada desde a década de 70. O último recadastramento feito pela Urbs aconteceu em 1997.

O presidente do Sindicato dos Taxistas do Paraná, Pedro Chalus, confirma que existe a comercialização das licenças, alegando ser uma prática comum que acontece em outras áreas que envolvem concessão. “É como se fosse uma propriedade, que se passa para a família”, comparou.

Chalus alegou que o recadastramento que a Urbs está promovendo é uma forma de desviar a atenção de erros que estão sendo cometidos nas concessões de diversos setores.

O sindicalista afirmou que depois da Constituição de 1988 as concessões deveriam ser feitas por licitação, o que não vem ocorrendo. “Existem irregularidades nos serviços de transporte escolar, vans, fretamento e ônibus do aeroporto e inter-hospitais”, disse.

A Urbs admitiu que, para alguns setores, não foram feitas licitações, mas que em breve estará regularizando a situação. Enquanto não receber comunicado oficial, a Urbs não vai se pronunciar sobre a entrada do mandado de segurança pelo sindicato.