Sindicalistas barram 45 carros-fortes na capital

Um grupo de sindicalistas fechou por mais de oito horas a empresa Proforte Vigilância e Transporte de Valores, situada na Vila Hauer, em Curitiba. Do total de 50 carros-fortes que precisariam deixar a empresa para abastecer caixas eletrônicos de bancos e caixas de supermercados, apenas cinco conseguiram sair no início da manhã. O impasse só foi resolvido depois da chegada da tropa de choque da Polícia Militar, que intermediou um acordo entre a direção da empresa e o sindicato.

A principal reivindicação dos manifestantes era a reintegração de dois funcionários – e integrantes do conselho de representantes do sindicato – demitidos no início do mês. Os motoristas Marlei Aparecido de Almeida e Joraci da Silva dizem ter sido punidos por defender os direitos dos demais colegas da empresa, já que a direção da Proforte havia implantado algumas medidas consideradas “vexatórias” por eles. “Para ir ao banheiro o funcionário precisa pedir permissão para o chefe e não pode demorar mais de três minutos. Se o chefe não estiver, ele não pode sair do posto”, contou Marlei. Os ex-funcionários afirmam que essa e outras situações foram denunciadas ao Ministério Público do Trabalho, o que motivou a demissão.

O presidente do Sindicato dos Vigilantes de Curitiba e Região, João Soares, afirmou que além dessa reclamação, os trabalhadores não concordam com a forma com que as escalas de trabalho são feitas. “O funcionário entra para trabalhar às 6h30 e tem que esperar até às 23h para saber qual será a escala de trabalho do outro dia”, afirmou. Além disso, revelou Soares, os funcionários estariam transportando valores acima do que permite a legislação, o que estaria colocando em risco a vida desses trabalhadores.

Para o gerente regional da Proforte no Paraná, Gerson Benedito Pires, a mobilização de ontem não passou de um ato político, já que as pessoas que estavam trancando o portão da empresa não eram funcionários, e sim sindicalistas. Pires afirmou que já vinha negociando com o sindicato as reivindicações dos trabalhadores, e analisou como desnecessária a manifestação. Sobre a demissão dos dois funcionários, o gerente disse que eles não faziam parte do sindicato e foram desligados porque não mantinham um comportamento adequado dentro da empresa. “Eles foram demitidos como outros funcionários e podem brigar pelos seus direitos na esfera trabalhista”, disse. Pires afirmou que eles já ingressaram com um pedido de reintegração na Justiça, mas a solicitação foi negada.

O grupo de cerca de trinta manifestantes chegou em frente à empresa por volta das 4h, e permitiu apenas a entrada dos trabalhadores. A Polícia Militar foi chamada para conter os ânimos, pois alguns carros foram atingidos com piche. De acordo com o tenente da PM Sérgio Vieira Benício, os manifestantes tinham o direito de protestar, mas não podiam impedir quem quisesse trabalhar.

Choque

Depois de sete horas de impasse, uma viatura da tropa de choque da PM chegou no local e os policiais conseguiriam negociar o fim do protesto. Os manifestantes só liberaram a saída dos carros-fortes depois que o diretor da empresa se comprometeu em negociar com o sindicato, no prazo de um a cinco dias, uma série de reivindicações. Quanto à reintegração dos funcionários, Gerson Benedito Pires disse que só volta a falar do assunto se a Justiça obrigar a readmissão. O acordo entre as partes foi registrado no boletim de ocorrência da polícia.

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