Fiquei aqui matutando: e se o vice-presidente, Joe Biden, que fez uma longa visita ao Brasil, tivesse um acesso de franqueza? O democrata chegou aqui muito solícito e educado com o mesmo discurso que seus antecessores usavam na era do presidente Dutra. Em resumo, os americanos estão de olho nas nossas imensas reservas de petróleo e querem garantir que suas petroleiras participem da prospecção. Ora, ora!

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Ok, como diria um bom americano, os EUA abriram um pacote de bondades: ampliar a oferta de bolsas de graduação e pós-graduação aos brasileiros nos “States” e compraram alguns aviões da Embraer para atacar insurgentes no Afeganistão, mas fora isso nada de espetacular. Ah, chamou Dilma para conhecer os EUA, mas quando o assunto foi uma vaga ao Brasil no Conselho de Segurança da ONU, aí o homem pulou fora.

Já pensaram se ele tivesse um acesso de sinceridade, como o advogado vivido pelo famoso comediante americano, Jim Carrey no filme “O Mentiroso” (título da película no Brasil), certamente Biden diria com escárnio: – Vá sonhando! Seria um escândalo, a visita acabaria na hora com protestos do Brasil e desmentidos dos EUA. Tremenda quizumba!

Mas seria por uma boa causa. No filme, o advogado deixa de mentir por causa de uma promessa feita pelo filho ao soprar as velinhas de aniversário, que pede para que o pai deixe de mentir pelo menos um dia. O garoto é atendido e aí a vida do bem sucedido advogado mergulha num desastre total pelo fato de suas relações serem estruturadas numa rede de mentiras.

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É uma similaridade incrível com a história das relações entre os EUA e Brasil. Dilma e cia. deveriam soprar as velinhas do bolo e fazer o pedido: sinceridade, Joe Biden. A verdade dói, mas destrói ilusões. E lá viria Joe Biden: -Queremos o seu petróleo, mas nem pensem que vamos rever as salvaguardas; nem pensem que deixaremos de proteger nosso laranjais. Bomba! No sentido figurativo, bem entendido. E o papel do Brasil de líder da América do Sul? Lá vem o Biden de novo: – Olha, vamos fazer este jogo de cena, nós dizemos que vocês são grandes, mas vocês imprimem nossa cartilha aos demais países.. Deal? (De acordo?)

Sosseguem! Para se precaver que tudo correria bem na estada do democrata americano, deram folga (e bem!) remunerada para o confeiteiro oficial, como dita os padrões da terrinha. Oremos!

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* Massachusetts da Silva é um velho lobo de imprensa, especializado em temas internacionais com ênfase para o cenário norte-americano e é fisurado na série “Uma Família da Pesada”.