Este ano, shoppings centers de São Paulo, especialmente os de luxo, foram vítimas de quadrilhas de assaltantes que visavam uma loja específica. Mas há casos em todo o País. Os assaltos dentro do shoppings centers não estão preocupando apenas clientes e os próprios empreendimentos. Empresas de segurança privada que atuam dentro dos shoppings reforçaram seus sistemas e investem em treinamento de agentes para conter a ação de ladrões. Mas a capacitação dos seguranças não pode ocorrer apenas em fases críticas e deve ser permanente. “A preparação hoje está aquém do cenário atual”, comenta o consultor Maurício Reggio, sócio da ICTS Global, empresa do setor de prevenção de perdas e segurança de shoppings no Brasil.

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De acordo com ele, os seguranças que atuam dentro de empreendimentos como estes devem ser figuras observadoras, mais do que impor intimidação com porte físico avantajado. “A linguagem não verbal significa 70% da comunicação humana. Na posição de observador, saber identificar estes sinais é primordial para o segurança”, explica.

Para Reggio, é preciso mais investimento em inteligência. As pessoas que atuam nesta área necessitam estar à frente dos criminosos. “Também tem que estar preparado para uma possível necessidade de reação. A reciclagem precisa ser constante. O segurança não é um super homem. Mas tem que ser alguém que esteja em um nível diferenciado”, conta.

O constante envolvimento nos crimes de pessoas contratadas como seguranças ou vigias, dando dicas e informando a rotina dos funcionários, preocupa Reggio. Ele acredita que a seleção dos profissionais deve ser cada vez mais aprimorada. “Preconiza-se a análise de qual entendimento da pessoa em relação à ética. Isto faz parte do processo de seleção. Em todos os setores há pessoas má intencionadas. É fundamental saber com quem está trabalhando”, ressalta.

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O setor de segurança privada tem feito seleções mais rigorosas, segundo o presidente do Sindicato das Empresas de Segurança Privada do Estado do Paraná, Maurício Smaniotto. Ele explica que não existe um curso específico para atuação dentro de shoppings e, por isto, cada empresa de segurança privada tem feito uma capacitação própria, além do curso básico de vigilante. “Se na hora da reciclagem (feita a cada dois anos), a pessoa estiver respondendo a algum crime, ela não tem aprovação”, revela.

Smaniotto lembra que o grande problema do setor continua sendo as empresas irregulares de segurança privada, que normalmente começam oferecendo serviços de alarme e portaria e depois partem para a segurança propriamente dita.

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Abrasce

Procurada pela reportagem, a Associação Brasileira Shoppings Centers (Abrasce) divulgou uma nota informando que os empreendimentos oferecem total segurança aos frequentadores. “Os constantes investimentos em inteligência de segurança, treinamento especializado e equipamentos eletrônicos de última geração garantem o bem-estar e o conforto do público. Além disso, muitos estabelecimentos contam com guaritas policiais dentro ou no entorno do empreendimento que inibem ações em sua área primária”, diz a nota.

De acordo com a entidade, os shoppings e as secretarias de Segurança de vários estados trocam informações e avaliam medidas que podem garantir a tranquilidade dos clientes. A Abrasce divulga que até mesmo a revitalização de áreas vizinhas aos shoppings já está sendo realizada por alguns empreendimentos no País.