Balada automotiva causa dor de cabeça no Bom Retiro. Após a extinção do Espaço Cultural Calamengau, em abril de 2010, o salão da Sociedade Vasco da Gama e arredores virou reduto de sexo, drogas e pancadão, denunciam moradores e comerciantes da região. Ontem a 4ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Paraná (TJ/PR) determinou a imediata interdição das instalações, situadas no cruzamento das ruas Roberto Barroso e Tapajós, em ação movida pelo Ministério Público do Paraná (MP-PR) por danos ao meio ambiente. Os responsáveis têm até 90 dias para regularizar a situação junto ao poder público municipal.
O MP-PR alegou que o índice de poluição sonora estava acima dos limites máximos permitidos pela lei e que o Corpo de Bombeiros encontrou diversas irregularidades no local, que levaram à cassação do alvará quando a ação foi ajuizada. Em 18 de janeiro deste ano, moradores e comerciantes da região entregaram abaixo-assinado ao MP-PR relatando problemas no clube. Além disso, eles têm acionado com frequência os telefones 190 (Polícia Militar) e 156 (prefeitura), mas sem êxito.
“Duvido que vão resolver alguma coisa nesses 90 dias. A gente já está nessa briga há 30 anos”, reclama o aposentado Tharcy Sturmer. Ele colocou vidro duplo nas portas e janelas de casa já na época do forró Calamengau para vedar um pouco do som, mas reclama que mesmo assim treme tudo na casa. “Com esses bailes automotivos ficou insuportável, mas o pior mesmo são os gemidos e gritos do pessoal no portão aqui do lado fazendo sexo explícito”, relata. O dono da oficina ao lado do clube acrescenta: “Já encontrei camisinha usada, baseado e até calcinha aqui na frente”.
“Se para nós é um estorvo, imagina para quem está aí no Hospital Pilar”, comenta o autônomo José Marins. A proprietária do restaurante ao lado, Rosemary Farias, nem abre mais aos sábados. “A gente não consegue dormir nas sextas por causa do som alto, dos rachas e da gritaria, principalmente às 4h da manhã”, reclama. Durante mais de dez anos, o local abrigou um dos forrós mais tradicionais da cidade. “Naquela época a gente estava no céu e não sabia”, relembra o morador Werner Farias.
Hoje o espaço abriga o bar e danceteria Arena Mercês. O presidente do clube Vasco da Gama, Paulo Roberto da Silva, informa que o estabelecimento está com a documentação em dia e possui os alvarás. “Nós estamos resolvendo a nossa questão aqui dentro, mas lá fora não tem como controlar”, afirma o administrador da danceteria, Imelio Bona. Ele cita que o clube reforçou a segurança privada, fez parceria com o módulo da Polícia Militar na saída da balada e fecha o local uma hora antes. “Não queremos incomodar, só queremos trabalhar”.
