Novos procedimentos de esterilização de materiais utilizados em cirurgias ou tratamentos estéticos estão valendo para o Paraná. A Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) baixou a resolução 457 que traz mudanças na metodologia utilizada nos estabelecimentos de saúde.
O objetivo é combater as infecções pós-cirúrgicas por micobactérias, que desde janeiro de 2007 foram confirmadas em 110 pacientes no Estado. No Brasil, 2.102 casos foram diagnosticados entre 2003 e abril de 2008.
O decreto, assinado ontem pelo secretário de Saúde, Gilberto Martin, estabelece critérios mais rígidos para manipulação de materiais utilizados em todas as cirurgias abertas, e não somente nas videocirurgias.
Entram nesse rol os procedimentos estéticos, como a mesoterapia, que é uma técnica da medicina estética realizada através aplicação de medicamentos na pele com a utilização de agulhas. Segundo Martin, o decreto traz ainda uma restrição ao uso do glutaraldeído, produto comum utilizado na esterilização.
“Estudos demonstraram que a micobactéria é resistente a esse produto, por isso estamos indicando outras soluções e procedimentos”, falou o secretário. Entre essas soluções está a utilização do autoclave (equipamento de esterilização e eliminação de bactérias de materiais não descartáveis por alta temperatura) por no máximo 3h. Além disso, a notificação de casos suspeitos passou a ser obrigatório em até 24h. A janela de investigação será de 90 dias antes e 90 dias depois do procedimento.
Paraná já teve 110 casos
Do total de 158 notificações de contaminação por micobactérias feitas no Paraná de 2007 até hoje, 110 casos foram confirmados, sendo 104 em Curitiba e seis no interior do Estado, dos quais, 5 foram em procedimentos estéticos (2 em cirurgia plástica de mama e 3 em mesoterapia).
O representante da Associação Paranaense de Controle e Infecção Hospitalar, Fábio Motta, também confirmou que nos últimos meses a maior ocorrência de contaminações está relacionada à cirurgia plástica.
Segundo informação da Sesa, entre os sintomas da micobacteriose estão à dificuldade de cicatrização e o surgimento de nódulos e secreção no local da cirurgia. O tempo para que ela se manifeste é bastante variável, podendo aparecer entre duas semanas até um ano.
Qualquer paciente submetido a processos cirúrgicos que apresente estes sintomas deve procurar o local onde foi realizado o procedimento. Ainda não se sabe ao certo o motivo do aparecimento da micobactéria, que faz parte da família das bactérias causadoras da tuberculose, que ao todo são mais de 160 tipos diferentes.