Depois dos médicos peritos, que paralisaram as atividades por cerca de uma semana, agora os demais servidores do Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS) cruzaram os braços. A greve de 48 horas começou ontem e os trabalhadores querem chamar a atenção do governo, que, segundo eles, não cumpriu os acordos firmados na última mobilização.
Do total de servidores do INSS do Estado, 241 cruzaram os braços ontem. Na regional de Curitiba, o atendimento foi parcial nas cinco agências da capital e na de São José dos Pinhais. Só foram feitas perícias médicas e atendidos os segurados que já estavam agendados. Na regional de Londrina, o atendimento foi parcial em cinco das dez agências. Na gerência de Ponta Grossa, o serviço foi afetado em três das dez unidades e, em Cascavel, das 13 agências da região, duas tiveram atendimento parcial. Na regional de Maringá não houve adesão.
De acordo com o diretor do Sindiprevs, sindicato que representa os servidores da Previdência Social, Nelson Malinoviski, os trabalhadores do INSS promoveram greves nos três primeiros anos do governo do presidente Luis Inácio Lula da Silva, e em 2006 só não haviam paralisado as atividades porque o governo se comprometeu apresentar um plano para os servidores. ?Mas esse plano foi elaborado sem a participação da categoria. Entre os pontos apresentados, nós não concordamos em não manter a paridade entre os trabalhadores ativos e inativos, bem como a avaliação individual de desempenho?, comentou.
Durante os dois dias de paralisação, os servidores da Previdência pretendem informar a população sobre as condições de trabalho nas agências do INSS. ?Muitas pessoas que vêm em busca de atendimento nem sabem que em alguns locais não existem nem papel e caneta?, falou. Além disso, Malinoviski afirmou que os trabalhadores também estão sendo alvo de agressões.
A pressão a qual os funcionários estão sendo expostos também tem refletido na saúde dos servidores, afirma o sindicalista. Ele comentou que o órgão é obrigado a fazer exames periódicos nos trabalhadores, mas há seis anos isso não vem ocorrendo. ?Diversos colegas estão tendo enfarte ou outros problemas graves de saúde pela pressão no trabalho?, disse. Os servidores também querem que o governo realize concurso público para a contração de funcionários, o que traria um alívio para a demanda de trabalho.
Na sede da superintendência do INSS em Curitiba, quem foi em busca de atendimento voltou para a casa sem ser atendido. No início da manhã, apesar da chuva, já havia filas no local. A orientação do INSS é para que só compareça no órgão hoje quem tem perícia médica agendada. Os demais só devem voltar amanhã, quando o atendimento deve ser normalizado.
Além dos servidores do INSS, a paralisação de 48 horas conta com a adesão de trabalhadores do Ministério da Saúde, da Previdência Social e do Trabalho e Emprego. O Ministério da Previdência Social divulgou, ontem, nota à imprensa no qual considera grave a paralisação, pois desde o dia 6 de setembro deste ano um grupo de trabalho com representantes dos servidores está discutindo a reestruturação da carreira do Seguro Social. Inclusive está agendado para amanhã um novo encontro.