Os servidores públicos municipais de Londrina decidiram, ontem pela manhã, em uma assembléia realizada no prédio da Prefeitura, continuar a greve que hoje chega ao 23.º dia. De acordo com o Sindicato dos Servidores Municipais de Londrina (Sindserv), 70% dos trabalhadores presentes à reunião votaram pela continuidade da paralisação. O comando de greve estuda agora que rumo vai tomar.
A proposta rejeitada foi intermediada pela Câmara de Vereadores e assinada, na última quinta-feira, pelo prefeito Nedson Micheleti (PT) e pelo presidente do Sindserv, Marcelo Urbaneja. O documento previa a formação de uma comissão permanente de negociação formada por servidores para acompanhar a arrecadação do município. A cada quadrimestre, se registrado aumento na arrecadação, a administração e o sindicato negociariam a reposição salarial. Pelo acordo, os 6,5 mil servidores ativos também teriam um reajuste de 16% no valor do auxílio-alimentação, atualmente em R$ 145.
Com a negativa dos servidores, que se mostram irredutíveis em sua demanda por 21% de reposição, mais um impasse surgiu, já que a Prefeitura, em nota oficial, informou que só volta a negociar a pauta de reivindicações se a greve acabar. Lamentando a decisão da assembléia, a nota acusa ainda o sindicato de não respeitar o que foi acordado no documento. Segundo o Sindserv, quem tomou a decisão de continuar a greve não foram os sindicalistas, e sim, os trabalhadores.
Cidade parada
Praticamente todas as 54 unidades de saúde básica de Londrina estão fechadas. Algumas poucas funcionam precariamente com funcionários terceirizados. As unidades que têm atendimento de emergência estão funcionando. Já a maternidade da cidade, que estava operando com 50% da sua capacidade de atendimento, voltou a atender de forma plena na semana passada, por decisão dos próprios funcionários.
O Sindserv informou que 70 das 77 escolas municipais estão paralisadas. A entrega das merendas para as escolas estaduais, feita por funcionários da Prefeitura, está sendo realizada por pessoal dessas instituições. Já o prédio da Prefeitura e os órgãos que funcionam no local estão totalmente fechados. Segundo o sindicato, os setores que precisam de alvarás, como o imobiliário, já sentem os efeitos da greve, já que não há mais entregas de documentos municipais em Londrina desde o início da paralisação.
Na nota, o prefeito convocou os servidores a retomarem seus postos e argumenta que a continuidade da greve só prejudica a população que necessita do atendimento da Prefeitura, especialmente na saúde, educação e assistência social. O sindicato afirma que a culpa da paralisação desses serviços é do prefeito, que se nega a dialogar. A prefeitura disse que os dias parados serão descontados.
Pedido ao Tribunal de Contas
O prefeito Nedson Micheleti e o controlador geral do município, Sinival Osório Pitaguari, estiveram ontem em Curitiba tentando um encontro com conselheiros do Tribunal de Contas do Estado (TCE). A intenção era pedir a ampliação do prazo de entrega dos relatórios contábeis da Prefeitura de Londrina referentes ao último quadrimestre de 2004.
A Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) estabelece que os documentos devem ser entregues até o dia 31 de março, mas a Prefeitura alega que a greve impossibilitou a preparação dos relatórios. O TCE informou que não pode estender o prazo e, caso a cidade não entregue a documentação, receberá intervenção federal, conforme estabelecido na Constituição.
A assessoria de imprensa do munícipio disse que o prefeito não chegou a pedir o adiamento, assegurando que irá entregar os documentos em dia. Para isso, houve um encontro entre os técnicos da Prefeitura e os do TCE para viabilizar a apresentação das contas. (DD)