Após mais de 70 dias de paralisação e mesmo sem nenhum avanço nas reivindicações, os servidores da saúde de Curitiba decidiram suspender o movimento nesta quarta-feira (15) para não causar mais prejuízos à população. A decisão foi comunicada pela diretoria do Sindicato dos Servidores Municipais de Curitiba (Sismuc) durante audiência convocada pela Promotoria de Justiça de Proteção à Saúde Pública para avaliar o comprometimento causado pela greve aos serviços prestados pelas unidades afetadas, como os Núcleos de Apoio em Atenção Primária à Saúde (Naaps), o Laboratório Municipal de Curitiba, o Centro de Especialidades da Matriz (CEM), a Vigilância Sanitária e ambulatórios das escolas especiais.
O Sismuc reivindicava que 1.095 servidores da saúde também tivessem direito à jornada de trabalho de 30 horas semanais concedida aos demais profissionais da área. “A prefeitura quebra o princípio da isonomia, já que a Organização Mundial da Saúde (OMS) e a Organização Internacional do Trabalho (OIT) dizem que a jornada para todos os trabalhadores da saúde deve ser de 30 horas”, argumenta a diretora de assuntos jurídicos do Sismuc, Irene Rodrigues dos Santos.
“A greve foi suspensa, mas não encerrada. Continuamos na expectativa de que a administração abra a mesa de negociação”, diz a sindicalista. Porém a assessoria de imprensa da prefeitura informou que não está prevista nenhuma rodada de conversas sobre a questão da jornada, já que a decisão de interromper a greve foi do sindicato.
Só o Laboratório processa cerca de 15 mil exames por dia. Com a falta de servidores, já que durante a paralisação foi mantido apenas um atendimento mínimo, a prefeitura recorreu à rede privada. Além dos sete laboratórios que já atendiam de forma suplementar a rede municipal de saúde, foram contratados emergencialmente mais cinco. As doze unidades estavam dando conta de 11 mil exames por dia. O Laboratório Central do Estado também apoiou a Secretaria Municipal da Saúde, dando conta de 30 dos 50 exames de pacientes com HIV/AIDS. A prefeitura estima que os serviços do Laboratório sejam normalizados após o Carnaval.