Servidores da saúde iniciam greve na capital

O primeiro dia de greve dos trabalhadores de hospitais particulares e filantrópicos de Curitiba teve pouca adesão. O movimento – que será feito de forma rotativa entre os estabelecimentos de saúde – foi centralizado ontem no Hospital Cajuru. Hoje atinge os funcionários do Evangélico. A categoria reivindica 17% de reajuste salarial. Porém o setor patronal afirma que só pode repassar 3,34%.

Apesar de o Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos de Serviços de Saúde de Curitiba e Região (Sindesc) afirmar que cerca de 10% dos trabalhadores do Cajuru cruzaram os braços, a direção do hospital garante que pouco mais de dez funcionários faltaram ao trabalho, o que não afetou as atividades. No início da manhã, um princípio de tumulto foi registrado em frente ao hospital, já que os grevistas tentaram impedir que os funcionários contrários à greve entrassem para trabalhar. Na avaliação do tesoureiro do Sindesc, Natanael Marchini, a partir de hoje o movimento deverá crescer. ?O primeiro dia é difícil de avaliar, mas entendemos que hoje, com a greve no Evangélico, mais trabalhadores irão aderir?, disse. Segundo ele, a greve só acaba quando a proposta de reajuste salarial for ampliada.

No entanto, o presidente do Sindicato dos Hospitais e Estabelecimentos de Serviço de Saúde do Paraná (Sindipar), José Francisco Schiavon, voltou a afirmar que os hospitais não têm condições financeiras de dar um reajuste maior. Ele argumentou que há dez anos o setor vem amargando dívidas devido a falta de atualizações dos repasses do Sistema Único de Saúde (SUS) e dos planos de saúde.

Nesse período, segundo ele, 150 hospitais já fecharam as portas. Schiavon afirmou que o sindicato queria evitar que a greve fosse decidida pela Justiça, em dissídio. ?Nós queríamos utilizar a arbitragem, mas o processo deve ser muito demorado?, falou. Ele não descartou a possibilidade de entrar hoje com um pedido judicial para decretar a ilegalidade da greve. 

Dieese: hospitais aumentaram receita

De acordo com um levantamento feito pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos (Dieese) a chiadeira dos hospitais sobre a falta de recursos não se sustenta. A defasagem nos valores pagos pelo SUS e convênios foi compensada com a melhoria de gestão dos hospitais. Segundo o órgão, todos os indicadores apontam para um aumento de receita dos hospitais acima de 10%.

O levantamento apontou que no ano passado, o setor, em Curitiba, teve um aumento de 18,44% na arrecadação de ISS cobrado pela venda de serviços. Além disso, uma pesquisa feita no balanço de sete empresas demonstrou um aumento do resultado operacional – receita da atividade da empresa – em 14,36% em 2005, e o resultado do exercício com crescimento de 7,73%. Em relação aos funcionários dos hospitais, o Dieese afirma que eles acumulam entre as datas bases de maio de 1998 à maio de 2003 um total de 28,87% de inflação não repassado aos salários, o que representou uma perda no poder de compra de cerca de um terço. Com isso, a perda afetou toda a estrutura salarial da categoria.

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