Para o economista técnico do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos, regional Paraná (Dieese-PR), Cid Cordeiro, os servidores de Curitiba não serão beneficiados com o parcelamento do reajuste salarial. ?A Prefeitura de Curitiba está reduzindo os salários dos servidores. Eles vão ganhar menos este ano do que ganhavam no ano passado?. Segundo ele, a decisão da gestão atual em repetir o parcelamento dos reajustes – prática adotada pelo ex-prefeito Cassio Taniguchi (PFL) – está achatando cada vez mais os salários dos servidores.
Segundo estudo do Dieese-PR, com base em dados de secretarias municipais, Curitiba é a capital do Sul e Sudeste que apresentou menor aumento com gasto com pessoal no período de 2001 a 2004: elevação de 26,11%. Já Porto Alegre aumentou o gasto em 52,12%. No mesmo período, alegou o economista, a receita corrente líquida de Curitiba cresceu 45%. ?Olhando para esses números, fica evidente a política de desvalorização do servidor municipal?, criticou a presidente do Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Curitiba (Sismuc), Marilena Silva. ?Divulgam Curitiba como a cidade-modelo, mas o título não corresponde à remuneração?, acrescentou a presidente do Sindicato dos Servidores Municipais do Magistério de Curitiba (Sismmac), Cláudia Regina Moreira.
Os servidores municipais estão reivindicando reajuste salarial imediato de 5,9%, retroativo à data-base, que é 31 de março, e o estabelecimento de uma política para a reposição de perdas acumuladas desde 96, que chegam a quase 20%. A Prefeitura está oferecendo o reajuste parcelado em duas vezes: 3% em julho e outros 3% em dezembro. ?Essa reposição, paga em duas parcelas, vai significar no final aumento de apenas 2,75%?, calculou Cid Cordeiro. Outro agravante é o aumento da alíquota da previdência, de 5,6% para 11% a partir de abril. Com isso, quem ganhava R$ 300 – o menor salário pago pela Prefeitura – em março, tinha como renda líquida R$ 283,20. Com a incidência da alíquota de 11%, o salário de abril caiu para R$ 267. Com o reajuste parcelado, o mesmo servidor receberia em julho R$ 275 e, em dezembro, R$ 283,26. Ou seja, R$ 0,06 a mais que em março.
Paralisação
Na tentativa de pressionar a Prefeitura a conceder-lhes reajuste salarial referente a perdas contabilizadas desde 1996, os servidores municipais devem paralisar suas atividades hoje. Às 9h, eles começam a se concentrar na Praça Santos Andrade e, às 10h, saem em passeata até a sede da Prefeitura, no Centro Cívico. A Prefeitura conta com cerca de 27 mil servidores municipais, entre ativos e inativos.
Segundo Marilena Silva, cerca de 40% dos servidores devem trabalhar hoje, para atender serviços essenciais na área de saúde, educação e outros. O salário médio dos servidores municipais é de R$ 600. ?A categoria repudiou a proposta da Prefeitura e, no final do dia, pode decidir por uma greve se a paralisação de 24 horas não resultar em algo melhor?, afirmou Marilena.
Outra reivindicação do Sismuc diz respeito a mudanças no sistema de alimentação dos servidores. Atualmente, eles recebem marmitas no valor de cerca de R$ 4,00. O desejo é de que o valor seja fornecido em espécie no contracheque ou que seja distribuído ticket-alimentação.
Prefeitura
A assessoria de imprensa da Prefeitura não confirmou se os servidores serão recebidos pelo prefeito Beto Richa (PSDB) ou outros representantes municipais. A Prefeitura informou ainda que o reajuste proposto aos trabalhadores repõe integralmente a inflação dos últimos meses medida pelo INPC. Da forma como está, representa um acréscimo anual de R$ 21 milhões na folha de pagamento. Assim, a despesa com pessoal passará de R$ 665,7 milhões para R$ 686,7 milhões ao ano.