Serviços e produtos 24h crescem e se diversificam

A onda de estabelecimentos que funcionam 24 horas não pára de crescer em todo o País. A cada dia, novos locais são abertos, prontos para atender a uma demanda de clientes que aumenta constantemente. Em diferentes ramos, as pessoas podem ter acesso a produtos a qualquer hora do dia – as entregas em casa também entraram no gosto popular. Em Curitiba não é diferente.

Nos últimos anos, a capital paranaense passou a oferecer várias opções de estabelecimentos que funcionam após a meia-noite. De acordo com a Prefeitura, não existe registrado o número de estabelecimentos 24h. Ela fornece o alvará de funcionamento para aqueles que pretendem abrir um comércio, mas não tem um controle daqueles que ficam abertos ininterruptamente.

Supermercados, farmácias, estacionamentos, postos de combustíveis, lojas de conveniência, clínicas veterinárias, funerárias, lanchonetes e pizzarias são apenas alguns exemplos. Uns tiveram mais sucesso do que outros. Farmácias, estacionamentos, postos de gasolina e funerárias 24h se destacam porque independem de tempo. A qualquer horário uma pessoa pode precisar de um remédio, abastecer o carro durante uma volta na cidade, guardar o veículo durante uma saída para as casas noturnas, ou precisar do serviço funerário.

De acordo com a gerente Regina Medeiros, de uma farmácia 24h, a cada ano crescem as vendas realizadas após a meia-noite. “Sem dúvida foi uma fatia de mercado que precisava ser atendida. Uma pessoa que necessitava de um remédio passava mal de madrugada e não tinha para onde recorrer. Agora, é só fazer o pedido por telefone que as entregas são feitas”, explica. Do total de 50 lojas da rede, 10 funcionam 24h. Regina ainda afirma que com esse tipo de atendimento, novas frentes de trabalho foram abertas. “Além de atender em qualquer horário e prestar um serviço essencial para a população, acabamos absorvendo pessoas que trabalham em diferentes turnos”, diz.

Empregos

A onda 24h ajuda a gerar empregos, pois com maior tempo de funcionamento, são necessários mais funcionários para serem divididos em turnos.

O frentista José Carlos trabalha em um posto do centro de Curitiba há 16 anos. Ele afirma que o movimento após a meia-noite diminui, mas diz que sempre aparecem motoristas para abastecer o veículo durante a madrugada. “Há seis anos o posto começou a funcionar 24h e esse novo processo deu certo. Ainda mais com a abertura das lojas de conveniência, que se tornaram um atrativo para aqueles que freqüentam os postos”, diz. “Tem gente que prefere vir ao posto após a meia-noite só para não enfrentar movimento durante o dia. E, melhorando o atendimento, mais clientes aparecem. Têm alguns que aproveitam o final de semana e ficam na loja de conveniência até altas horas”, completa José.

Os funcionários de estacionamentos e funerárias também realizam turnos para atender todos os clientes. Como são estabelecimentos que independem de tempo, a qualquer horário estão abertos. Tenório Dias trabalha há 12 anos em uma funerária e afirma que, por dia, o local atende cerca de 50 clientes. “Não dá para determinar qual horário uma pessoa vai falecer. Temos que estar sempre prontos para prestar serviço”, diz.

Os estacionamentos também se beneficiam quando os clientes deixam os veículos posando no local. De acordo com a gerente de um estabelecimento no centro da cidade, Regina Célia, é um procedimento que tem crescido muito. “Mantemos uma equipe que guarda os carros durante toda a madrugada. Temos cerca de 100 clientes que fazem parte desse tipo de sistema”, afirma. “Acaba se tornando uma necessidade para as pessoas, que preferem deixar seus carros em locais seguros”, completa.

Atendendo animais à noite

Muita gente não tem conhecimento, mas algumas clínicas veterinárias de Curitiba funcionam após a meia-noite. Atendimentos a animais de estimações são realizados com freqüência. Segundo Glenoir Wistuba, dono de uma clínica, o estabelecimento presta serviço 24 horas há três anos. “Pode parecer estranho, mas muita gente acaba trazendo animais para serem tratados de madrugada. Por isso sempre mantemos uma equipe de plantão, pronta para realizar o atendimento”, afirma.

Ele conta que antes de iniciar o serviço, muitas pessoas ligavam para a clínica precisando de medicamentos durante a madrugada. Para suprir essa demanda, a clínica começou a operar em plantão 24 horas. “É um atrativo a mais para os clientes. Você acaba conquistando mais freqüentadores se realizar um serviço bem feito e mais completo”, diz.

Comida

As entregas de comidas, principalmente lanches e pizzas, após à meia-noite, também se tornaram comuns em Curitiba. A concorrência aumentou, mas de acordo com Flávio Souza, funcionário de uma lanchonete, há espaço para todos. “Se tornou interessante para todos fazerem entregas. Além do movimento comum durante o dia, o estabelecimento que entrega lanches acaba agradando o cliente”, confirma.

A Associação Paranaense de Supermercados (Apras) confirmou que apenas três supermercados funcionam após à meia-noite em Curitiba. Esse número, segundo a entidade, consegue atender toda a demanda. (RCJ)

A Rua 24 horas já não faz jus ao nome

Inicialmente programada para funcionar ininterruptamente, a Rua 24 horas, no centro de Curitiba, já não faz jus ao nome. Inaugurada em setembro de 1991, o local abrigava 34 estabelecimentos entre lanchonetes, restaurantes, revistaria, mercadinhos, bares e lojas. Hoje, apenas três estabelecimentos permanecem abertos após a meia-noite.

Segundo os comerciantes do local, falta um incentivo para que os curitibanos voltem a freqüentar a Rua 24 horas, que se tornou um dos cartões-postais da cidade. Os assaltos no local durante os últimos anos também espantaram as pessoas que costumam passear pela rua. Evandro Guerreiro, gerente de uma lanchonete, afirma que durante o dia o movimento é razoável, mas fecha as portas às 23h, devido ao baixo movimento. “Houve reforço policial e não acontecem mais assaltos. Precisamos agora de um estímulo que traga novamente o movimento”, diz.

Nilce Machado trabalha em uma das lojas da Rua 24 horas e conta que os demais comerciantes reclamam da falta de movimento do local. “Sou nova aqui, mas não tenho vendido quase nada. O pessoal das outras lojas também reclama muito”, afirma.

Cariston Caobianco, gerente de um minimercado, ressalta que o fluxo de consumidores é esporádico. “Permaneço aberto após a meia-noite, mas não vendo quase nada. É pouca gente que passa por aqui nesse horário. Espero que haja algum planejamento para que a rua volte a ser ponto de encontro de muitas pessoas”, diz.

Pista

A Prefeitura de Curitiba já está promovendo melhorias no local, para que a Rua 24 horas volte a atrair mais freqüentadores. A primeira das ações está sendo a construção de uma pista tátil para facilitar o acesso de deficientes visuais ao Centro de Inclusão Digital, um posto de acesso gratuito à internet, adaptado para receber portadores de necessidades especiais. As obras começaram no dia 2 e devem ficar prontas em um mês. Como a pista tátil fica no meio da rua, a obra não vai atrapalhar a entrada para os estabelecimentos do local.

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