Muita paciência. Essa é a recomendação para quem enfrenta filas gigantescas para ter acesso a algum serviço em repartições públicas, hospitais, postos de saúde, bancos, entre outros. Se não dá para fugir da fila, as únicas saídas são acordar bem cedo, manter a calma e esperar a hora de ser atendido.
O médico Sérgio Souza Alves chegou ontem em frente à sede da Polícia Federal (PF) na Rua Doutor Muricy às 5h da madrugada. Ele precisa tirar passaporte e quis chegar cedo para se livrar logo da tarefa. "Realmente é um exercício de paciência ficar aqui por horas. Mas se não tem outra alternativa, temos que nos sujeitar", opina. A geógrafa Lourdes Link apareceu na PF um pouco mais tarde, às 7h45, e encontrou uma enorme fila. "Me informei na semana passada e me disseram que a partir das 7h já tinha gente. Por isso vim neste horário. Vou enfrentar a fila para renovar meu passaporte enquanto estou em férias", comenta Lourdes.
A atendente de enfermagem Inês Rodrigues acordou bem cedo e, às 6h45, entrou na fila do Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS), na esquina das ruas XV de Novembro e João Negrão. "Estou com uma pessoa doente e preciso desse benefício. Por isso vim bem cedo. A fila é grande, mas a gente tem que estar preparado para isso", diz. Para a lavradora Rosimeri de Lima Gonçalves, também na fila do INSS, "é terrível esperar tanto assim e muitas vezes você nem consegue o que está precisando", reclama. Ela conta que várias vezes já ficou na fila do local das 6h às 14h. "Tem que ter muita calma."
O técnico em informática Renato Rosa dos Santos entrou na fila da Receita Federal, na Avenida Marechal Deodoro, às 8h, para fazer um trabalho da empresa em que trabalha. Ele já enfrentou essa espera por diversas vezes e ensina: dependendo do serviço, dá para chegar um pouco mais tarde. "Em algumas ocasiões, é possível chegar depois. A espera normalmente dura entre uma hora e meia e duas horas", informa. O office-boy Dimen José Correa normalmente entra na fila da Receita às 6h, mas ontem chegou às 8h. "Tem gente que chega aqui às 5h30. O jeito é não se estressar porque não vai adiantar nada. Já houve ocasiões em que tive que enfrentar essa fila duas vezes no mesmo dia. Não tem outra opção. Tem que esperar aqui fora e depois lá dentro", relata.
Às vezes, senha é desnecessária
O delegado da Receita Federal em Curitiba, Vergílio Concetta, explica que as filas estão grandes nos últimos meses porque um novo cronograma de dependências foi estipulado pelo órgão em maio do ano passado. "Isso encurtou os prazos de cobrança e gerou uma emissão de avisos muito grande", conta.
De acordo com ele, a situação deve se normalizar em junho deste ano, com o encerramento desse sistema. Concetta ainda diz que aumentou a demanda de alguns serviços, o que resultou em limitação de senhas. "Mas tem muitos serviços que os contribuintes não precisariam ficar na fila, como solicitação de relação de débitos. Para isso não tem limite de senha. As pessoas podem chegar mais tarde."
A assessoria de imprensa do INSS em Curitiba comunica que muitas pessoas não têm necessidade de passar horas da fila. Muitas procuram apenas informações, que podem ser adquiridas pelo site www.previdencia.gov.br ou pelo telefone 0800-780-191. Os interessados são atendidos das 8h às 14h. O órgão informa que, se a pessoa chegar às 13h55, ela será atendida da mesma maneira.
A assessoria de imprensa da Polícia Federal revela que a fila se forma cada vez mais cedo na sede do órgão. São distribuídas 150 senhas para passaporte por dia e, em virtude dessa quantidade, não seria necessário passar horas na fila. Segundo o órgão, muitas pessoas não chegam com os documentos exigidos, o que causa a perda da senha. O tamanho da fila também é influenciado por aqueles que desejam fazer ou renovar o passaporte sem urgência. A assessoria ressalta que o passaporte é feito no mesmo dia do atendimento. Informações no site www.dpf.gov.br. (JC)