Daniel diz que as vendas por
telefone superam aquelas
feitas no estabelecimento.

Foi-se o tempo em que os serviços delivery se restringiam apenas à entrega de pizzas. Cada vez mais, empresas vêm investindo no filão “disque”. O rol de opções é imenso. Inclui desde a entrega de comida e remédios – que já se tornaram comuns até nas menores cidades -, até de rações para animais, cartuchos e tonners para impressoras, cestas de café da manhã, cigarros e bebidas alcoólicas.

Isso sem contar os disques serviços, que além de tirar dúvidas e prestar informações – como é o caso do Disque-Turismo de Curitiba, por exemplo -, ainda pode confortar quem está do outro lado da linha ou servir como um conselheiro – caso do Disque-Espiritismo e Disque-Pare de Fumar.

O pet shop Happy Dog, no Vista Alegre, em Curitiba, é um dos que se renderam à tendência. Segundo o gerente da loja, Daniel Barbara da Silva Filho, a entrega em domicílio começou há cerca de quatro anos. Hoje, as vendas pelo telefone superaram aquelas feitas diretamente, no próprio estabelecimento. “A maioria prefere ligar e pedir para entregar em casa”, conta o gerente.

Ao todo, calcula ele, são feitas entre quinze e vinte entregas por dia, principalmente de ração para gato e cachorro. Apesar de não cobrar taxa de entrega para clientes da região, Daniel conta que o movimento diminuiu muito nos últimos tempos. “Há falta de dinheiro e a concorrência também aumentou. São quatro lojas apenas na região”, explica Daniel.

Marco Andrei Benko, dono da BNK Disque-Cartuchos, no Bairro Alto, conta que iniciou o serviço de entrega em domicílio por uma limitação particular. Deficiente físico -Marco tem distrofia muscular -, ele conta que não poderia trabalhar fora. Foi então que decidiu se arriscar no serviço de disque-entrega. “Comecei por uma necessidade, mas depois vi que as pessoas tinham mais necessidade de receber, do que eu de vender”, afirma.

Comercializando cartuchos e tonners de impressora, Marco diz que atende cerca de oitenta clientes por dia. Ele não cobra taxa de entrega. Um de seus diferenciais, aponta, é a rapidez na entrega: entre uma hora e uma hora e meia. “A margem de lucro não é tão grande, mas pelo volume que vendemos, compensa.”

Quero já! 24h

Rapidez e preço competitivo também são a fórmula do Quero já! 24h, um serviço inédito de disque-entrega em Curitiba, que oferece quase mil itens de diferentes produtos: de materiais de limpeza e de higiene, passando por pratos congelados, doces, compotas, ração para cachorros, até cigarros e bebidas alcoólicas. O atendimento funciona 24 horas por dia, sem interrupção no final de semana nem feriado.

O sócio-proprietário e diretor de marketing da Quero já, Bernardo Dalla Costa, conta que a idéia de abrir a empresa já existia há dois anos. Em maio deste ano, ela finalmente saiu do papel. Em pouco mais de dois meses, o estabelecimento conta com quase oitocentos clientes cadastrados. “A análise é bem simples: se o serviço oferece facilidade, por que não usar?”, questiona Bernardo. Para ele, a rapidez na entrega – no máximo em quarenta minutos -e os preços competitivos são os principais diferenciais.

Já o perfil do cliente varia conforme o período. Durante o dia, são solicitados principalmente materiais de limpeza pelas empresas ou compras em geral. À noite, cresce a venda de leite, pão e congelados. De madrugada, são as bebidas alcoólicas as mais requisitadas. “O interessante é que muitos acham que é um serviço para a classe A, mas atendemos também a classe C, que não tem carro e precisa de um táxi, por exemplo, para ir ao mercado”, explica Bernardo. A taxa de entrega varia entre R$ 2,50 e R$ 2,95, conforme o bairro.

Serviço:

Pet shop Happy Dog: (41) 335-7397

BNK Disque-Cartuchos: (41) 367-2725

Quero já! 24h: (41) 232-5002

Disque-Turismo: (41) 352-8000

Disque-Espiritismo: (41) 335-3022

Disque-Pare de Fumar: 0800-703-7033

Consolo também faz parte do serviço

Não são apenas produtos que podem ser pedidos em uma simples ligação telefônica. Orientações para deixar um vício ou consolo na hora do desespero também são ofertados por algumas entidades, gratuitamente. É o caso do Disque-Pare de Fumar, uma iniciativa do Instituto Nacional do Câncer (Inca) que tem como objetivo tirar dúvidas sobre o tratamento contra o tabagismo. Funcionando de segunda-feira a sexta-feira, das 7h às 19h, o serviço já atendeu mais de 45 mil ligações desde maio do ano passado, quando foi implantado. “Recebemos até ligações de crianças que querem saber o que podem fazer para que os pais larguem o cigarro”, conta Silvana Rubano Turci, chefe da Divisão dos Estudos do Tabaco do Inca. Segundo ela, as maiores dúvidas são com relação ao tratamento e formas de prevenção do tabagismo. “O problema maior está em conseguir ser atendido. São dezoito pontos de atendimento (ramais), mas esse número não é suficiente”, explica Silvana.

Na mesma linha, o Disque-Espiritismo, em Curitiba, também tem uma missão difícil. Além de servir como prestador de serviço, fornecendo telefones e endereços de centros espíritas, o Disque-Espiritismo ainda oferece consolo em momentos de desespero. “Muitos ligam apenas para conversar. São normalmente pessoas que perderam um ente querido e precisam de conforto”, conta Lucimar, uma das voluntárias do disque. “Há muitos casos de depressão”, completa. Implantado na Faculdade Espírita desde 1995, o serviço funciona de segunda-feira a sexta-feira, das 8h às 18h. O problema, porém, é o mesmo do Disque-Pare de Fumar: dificuldade em ser atendido. “Recebemos a média de 31 ligações por mês. Esse número já foi bem maior, quando havia mais voluntários”, diz. Quando não há ninguém do outro lado da linha, a secretária eletrônica pede para que deixe recado, e os voluntários retornam a ligação quando podem. “Já chegamos a trabalhar com vinte voluntários. Hoje somos apenas nove.”

Disque-Turismo

Criado há cinco anos, o Disque-Turismo é outro serviço que veio para ficar. Funcionando das 8h às 24h, todos os dias, o Disque-Turismo presta todas as informações que um visitante de Curitiba quer saber: atrativos turísticos, restaurantes, parques, eventos, hospedagem, transporte, entre outros. Só no ano passado, foram cerca de 6,6 mil ligações. “Uma das principais reclamações dos turistas diz respeito à falta de informações. O disque serve justamente para facilitar a vinda dos turistas para cá”, diz o gerente de Desenvolvimento Turístico de Curitiba, Sérgio Maciura. (LS)

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