Mistérios

Série “O Caso Evandro” é fruto de uma minuciosa pesquisa do caso que chocou o Brasil nos anos 90

Série retrata o caso das Bruxas de Guaratuba, caso de repercussão ocorrido em 1992. Foto: Reprodução/Globo.

A série documental do Globoplay, “O Caso Evandro”, que ganhou repercussão nacional na época em que ocorreu, em Guaratuba, no litoral do Paraná, está fazendo um enorme sucesso no Brasil. O material com 8 episódios é uma adaptação ao podcast Projetos Humanos, do curitibano Ivan Mizanzuk. O trabalho audiovisual durou praticamente 2 anos para ser concluído e relata o mistério da morte do menino Evandro Ramos Caetano, em Guaratuba, no litoral do Paraná, em 1992. Sete pessoas, incluindo Beatriz e Celina Abagge, foram presas na época e foram apelidadas de “bruxas de Guaratuba”, pois a morte de Evandro teria sido praticada para um ritual satanista para “abrir os caminhos políticos” de Aldo Abagge, então prefeito da cidade.

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A longa e minuciosa pesquisa do caso realizada pelo jornalista e professor universitário Ivan Mizanzuk começou em 2015, mas foi em 2018 que ele conseguiu unir centenas de documentos para criar a temporada do podcast Projeto Humanos. Nos capítulos, o enredo traz informações que deixam o ouvinte ansioso e ávido por novidades. Aliás, ao escutar os episódios, o medo também vira companhia para quem acompanha as falas dos principais envolvidos no crime.

“Naturalmente a narrativa de áudio cumpre um papel diferente. Eu tenho uma relação próxima com podcasts, pois ouço desde 2008 e produzo desde 2011. Depois que a Globo entrou para podcasts, tivemos uma popularização grande do formato e da sua presença na vida das pessoas. No caso do áudio, assim como quando se está lendo um livro, conduzimos a narrativa para as pessoas imaginarem e construírem as cenas a partir de seus imaginários. Já no caso da série, o audiovisual preenche lacunas que eu não conseguiria chegar. Para mim ainda é surreal um trabalho que eu fazia nas férias estar em uma plataforma tão incrível como o Globoplay e contar com pessoas tão competentes e de alto nível. Ainda não me caiu a ficha do trabalho que eu faço”, disse Ivan em entrevista para a Tribuna do Paraná.

Ao acompanhar o trabalho de Ivan, a ideia de adaptar o podcast para uma série televisiva partiu da produtora Mayra Lucas, da Glaz Entretenimento, de São Paulo. Sob a direção geral de Aly Muritiba, que divide a direção com Michelle Chevrand, tem roteiro assinado por Angelo Defanti, Arthur Warren, Ludmila Naves, Tainá Muhringer e participação do próprio Ivan Mizanzuk na frente e atrás das câmeras. Aly é cineasta e vencedor do prêmio Global Filmmaking do Festival de Sundance de 2013 com o roteiro do longa “O Homem que Matou a Minha Amada Morta” e o seu curta-metragem “A Fábrica”, foi semifinalista ao Oscar de 2013.

“Fui convidado para dirigir após o convite da Mayra e mesmo não sendo do Paraná, pois nasci no interior da Bahia, muita gente daquela geração narra o medo e o terror dos sequestros no Paraná. Digo que foi um desafio de transpor a linguagem sonora para o audiovisual. Temos a vantagem em relação ao podcast que a gente poderia filmar Guaratuba, os lugares que aconteceram os fatos, como por exemplo, a serraria dos Abagge, onde supostamente ocorreu o crime”, disse Aly.

Reprodução/Tv Globo.

Trabalho de 2 anos

Para chegar na casa das pessoas com a série, o trabalho durou 2 anos com pesquisas, produção, filmagem e montagem dos 7 episódios. O trabalho gerou ainda um episódio extra dedicado exclusivamente ao desaparecimento de outro menino, Leandro Bossi, também ocorrido em 1992, cujo desenrolar das investigações por vezes se misturou ao caso do Evandro, o que é mencionado diversas vezes no podcast.    

O cronograma foi seguido à risca para não dar margem para possíveis atrasos. O farto material de arquivo de emissoras de TV, rádio e de páginas de jornais da época ajudou a montar o quebra-cabeças que envolve o assassinato. Trinta e seis personagens que tiveram alguma relação com essa história dão seus pontos de vista como jornalistas, policiais, testemunhas, advogados, promotores e acusados.

“Foram 9 meses de pesquisa e roteiro; 2 meses de pré-produção, 6 semanas de filmagem e um ano de montagem. A gente fez um planejamento muito grande e a gente sabia com quem ia falar, onde ia filmar, e o cronograma era muito rígido. Não estávamos muito abertos para novidades para não se perder no vasto conteúdo do podcast ”, relatou o cineasta baiano.

Ivan Mizanzuk acompanhou de perto todo o complexo trabalho para a produção da série e auxiliou na produção. “Eu participei da produção como consultor para os profissionais envolvidos na produção da série. Acompanhei todo o processo e ajudei a fazer o pré-projeto. Quando o podcast terminou, a série já estava gravada e em fase de pós-produção. Não houve nada que tenha influenciado a série após o fim do podcast. Contudo, houve muita coisa que fui descobrindo enquanto lançava o podcast que influenciou diretamente a sala de roteiro. Um dia, a equipe de gravação estava lá em casa para gravar algumas falas minhas para a série. Lembro que virei para a minha esposa e falei o quão surreal era aquilo, pois via muita gente trabalhando por causa de um trabalho que fiz. Uma grande honra pra mim”, confessou Ivan.

Caso Evandro no Globloplay

A  série documental Caso Evandro estreou no dia 13 de maio no Globoplay com a exibição de dois episódios a cada semana. Os próximos serão lançados nos dias 27/05 ( episódios 5 e 6) , 03/06 (episódio 7) e 10/06 ( episódio 8 – extra). O podcast Projeto Humanos, de Ivan Mizanzuk, também está no Globoplay com 36 episódios.  Além da série e do podcast, “O Caso Evandro” ganhou uma narrativa em livro, com lançamento confirmado para junho.

“O livro é uma versão mais bem acabada da minha pesquisa e investigação, sem perder detalhes e aprofundamentos que tornam a história ainda mais instigante. Pode-se dizer que o livro foi uma oportunidade para corrigir detalhes que passaram batidos além de acrescentar outras informações nos primeiros episódios, que acabaram ficando de fora. Eu consegui explicar, por exemplo, alguns detalhes sobre o caso do garoto de Manaus com informações que eu ainda não tinha na época em que fiz o podcast”, completou Mizanzuk.

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