Alternativa

Será que vale a pena usar o gás natural como combustível?

Qual motorista gostaria de poder rodar quase 200 quilômetros com o seu automóvel gastando menos de R$ 45 de combustível, e ainda, no fim de todo ano, desembolsar apenas 1% do valor do veículo para quitar o IPVA? A resposta seria óbvia, porém, não corresponde às estatísticas do Departamento de Trânsito do Paraná (Detran), pois essa economia é uma realidade para os carros abastecidos por Gás Natural Veicular (GNV).

Porém, a maioria disparada da frota insiste nos combustíveis líquidos (etanol e gasolina).

Comparação

Com um metro cúbico de GNV é possível rodar mais quilômetros do que com um litro de etanol ou gasolina – esta rentabilidade pode chegar a 50%.

Em números, dos 6,6 milhões de veículos cadastrados em todo o Estado pelo Detran-PR, apenas 34 mil fizeram a conversão e circulam com o GNV devidamente inspecionados.
Na capital, com mais opções de postos de combustíveis e empresas autorizadas pelo Inmetro para realizar a instalação do cilindro, dos 1,4 milhão de veículos cadastrados no Detran, somente 17 mil estão em dia com a Inspeção Veicular Anual exigida e, portanto, aptos a seguir economizando a cada novo abastecimento.

Estagnação

“Esse universo de veículos abastecidos por GNV pode ser um pouco maior, já que sempre tem aquele motorista atrasado com a inspeção, mas o fato é que a adesão ao GNV estagnou”, defende o presidente do Sindicato das Empresas de Reparação de Veículos do Paraná (Sindirepa-PR), Wilson Bill.

Dos 1,4 milhão de veículos cadastrados, só 17 mil estão em dia. Foto: Giuliano Gomes.

Carro seguro e sustentável

A recente variação de preço no metro cúbico do GNV não é a única razão para a fraca adesão ao gás. As despesas com a adaptação do veículo, que envolve a instalação do cilindro e a documentação a ser providenciada no Detran-PR ficam entre R$ 4 mil e R$ 5 mil, dependendo do tamanho do cilindro.

Além disso, para circular de acordo com a legislação de trânsito, todo ano o veículo precisa passar pela inspeção veicular que também . “Essa inspeção fiscaliza todo o veículo, não apenas o cilindro. Quem não tem o carro com a manutenção em dia, acaba perdendo o interesse pelo GNV, porque isso é obrigatório”, explica o presidente do Sindirepa.

Cálculo

No site da Companhia Paranaense de Gás (Compagas) é possível calcular os gastos conforme o tipo do veículo no simulador www.compagas.com.br/simuladorde-economia-gnv.

Energia para dar pressão

Tanto o Sindirepa, quanto os postos de combustíveis, explicam que a razão dos aumentos está no reajuste da alíquota de ICMS, que passou de 12% para 18% no Paraná, e o custo da energia elétrica gasta com o compressor. É esse aparelho (movido a energia elétrica) que comprime o gás fornecido pela distribuidora da pressão em torno de 7 bahr para 220 bahrs, que é a pressão necessária para colocar dentro do cilindro de GNV que está no automóvel. Essa pressão equivale a 3.200 libras. Um pneu de carro cheio, por exemplo, tem 30 libras de pressão.

No Posto Tartarugas, que possui um relógio exclusivo para medir o consumo do compressor, a fatura de energia elétrica saltou de R$ 6,8 mil (antes dos reajustes na energia elétrica), para R$ 10,7 mil. “Estão maltratando o empresário, mas como consumidor, eu ainda prefiro o GNV. Com o meu fusca, fa&ccedi,l;o 250 quilômetro com um cilindro de 15 metros cúbicos”, constata o auxiliar administrativo Augusto Fagundes.

Poupa motor

O engenheiro mecânico e professor de Ciências Térmicas da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), José Antônio Andres Velasquez, afirma que em relação aos custos de manutenção, o GNV também vence com larga vantagem. “O consumidor tem a segurança de não receber combustível adulterado, já que não há manuseio humano no abastecimento. Além disso, o gás natural não vai interferir no lubrificante, porque o motor não terá queima constante nesse processo”. Em compensação, o sistema de ignição composto por velas, cabo de vela e bobina, apresenta um desgaste 30% mais rápido que no combustível líquido.

Procon vai cobrar esclarecimentos pela alta de combustíveis. Foto: Giuliano Gomes

Setor terá que se explicar

A advogada do Procon-PR, Alane Borba, explicou que a suspeita de cartelização nos preços dos combustíveis foi relatada para a Procuradoria do Consumidor, do Ministério Público Estadual do Paraná (MP-PR), que instaurou uma notícia de fato cobrando de todos os entes envolvidos na formação do preço, incluindo as distribuidoras, a prestarem esclarecimentos sobre as altas nos preços de todos os combustíveis. “Eles terão 10 dias a contar da data de notificação a enviarem um posicionamento”, explicou Alane, destacando a prática abusiva de preço do GNV ou de qualquer combustível deve ser denunciada pelo consumidor.

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