Apesar da grande quantidade de informações presentes em obras literárias, televisão, revistas e internet, muitos adolescentes que estão iniciando a vida sexual não estão se preocupando com a prevenção da aids, de outras doenças sexualmente transmissíveis (DSTs) e da gravidez indesejada. O assunto foi discutido ontem no Colégio Estadual do Paraná, em Curitiba, durante o 1.º Seminário Adolescência e Sexualidade na Escola.
Participaram do evento cerca de oitocentas pessoas, entre professores e coordenadores de escolas estaduais e municipais, integrantes de associações de pais e mestres, coordenadores de cursos de pedagogia e agentes de saúde.
Um levantamento feito pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) no ano 2000 indica que Curitiba tem cerca de 290 mil adolescentes, ou seja, pessoas entre dez a dezenove anos de idade, representando 18,23% da população. Na cidade, um total de 128 casos de aids foram diagnosticados em representantes dessa faixa etária desde a descoberta da doença. Entre pessoas com idade entre 15 e 24 anos, os dados aumentam para 563 casos.
No que diz respeito à gravidez, no ano de 2001 foram registradas 5.090 gestações em meninas de 11 a 19 anos de idade, o que representa 18,8% do total de gestações na cidade no mesmo período. Das 5.090, 3,63% ocorreram em meninas de 11 a 14 anos. “Na grande maioria dos casos, a gravidez entre as adolescentes é indesejada e resulta em uma série de outros problemas”, comenta o secretário municipal de Saúde, Michele Caputo Neto.
Para o secretário, as estatísticas apontam para a necessidade da inclusão de temas relacionados à educação sexual no currículo escolar para estudantes tanto do ensino médio quanto do fundamental. “A abordagem de temas ligados à educação sexual deve ser constante e freqüente nas escolas. Os professores devem estar preparados para discutir o assunto com seus alunos, contribuindo para que esses estejam melhor informados e iniciem a vida sexual de forma mais responsável”, afirma.
O trabalho, porém, não deve ser realizado apenas com os estudantes. Segundo o secretário, em muitas famílias falta diálogo entre pais e filhos e o tema sexualidade ainda é um tabu. “Sempre respeitando questões religiosas e culturais, a escola também deve envolver os pais dos alunos nas discussões”, ressalta. “A família deve permitir que os jovens tenham liberdade e confiança para abordar o assunto dentro de casa.”
Preservativos
Junto com Xapuri (AC) e os municípios paulistas de São José do Rio Preto, Ribeirão Preto e São Paulo, Curitiba vai participar de um projeto-piloto do Ministério da Saúde que prevê, entre outras coisas, a distribuição de preservativos aos estudantes das escolas públicas. O projeto deve ser iniciado no segundo semestre em sete escolas da rede municipal e sete da rede estadual. Se der certo, pode ser adotado definitivamente na cidade e iniciado em outras regiões do País.
