O Brasil é o segundo país do mundo a desenvolver projetos com Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) e o terceiro em redução da quantidade de gases poluentes emitidos para a atmosfera. No entanto, no Paraná, o assunto ainda não é muito difundido. O Estado é o quinto no País com maior número de projetos na área. Ontem, foi discutido em Curitiba a possibilidade de implantar projetos de MDL nos aterros sanitários do Estado.
O coordenador do Centro de Referência em MDL do Instituto Superior de Administração e Economia da Fundação Getúlio Vargas (Isae/FGV), Flávio Kitzig, diz que o Paraná tem muito para crescer nessa área, já que é um dos estados mais desenvolvidos do País. As vantagens são muitas e o meio ambiente agradece. Quem consegue reduzir a quantidade de gases poluentes pode vender os créditos a outros países que não estão conseguindo reduzir a emissão. Em médio e longo prazos, todo o investimento feito para implantar o MDL acaba sendo recuperado.
Ontem, no seminário organizado pelo Fórum Paranaense de Mudanças Climáticas, em parceria com o Isae/FGV, o assunto foi a emissão de gases poluentes provenientes de lixões e aterros sanitários. O aterro da Caximba, em Curitiba, que está com tempo de vida útil quase expirando e recebe lixo de 14 municípios, deve receber tubulações que vão capturar e eliminar o gás metano. A intenção é vender os créditos obtidos com a redução da emissão a outros países.
O edital de licitação da obra deve ficar pronto no próximo mês. A Prefeitura de Curitiba quer instalar o equipamento porque, mesmo desativado, o aterro continua produzindo o gás. Com o dispositivo, o material é queimado e se transforma em gás carbônico, bem menos agressivo à camada de ozônio que o metano.
Segundo a coordenadora da área de mudanças climáticas da Secretaria de Estado do Meio Ambiente (Sema), Manyu Chang, hoje apenas 20% do gás produzido nos aterros é capturado. Com a implantação do MDL, o restante também deixará de ser emitido. Segundo ela, a intenção é fazer com que o MDL se torne uma política pública, levando o sistema para todos os aterros do Estado. Por enquanto, nenhum possui o mecanismo e apenas dois estão em desenvolvimento: na capital e em Cianorte.
Também foi discutida a aplicação do sistema de incineração e o de biodigestão nos aterros. Mas ambos ainda são muito caros.