O Seminário Educação e Cidadania discute hoje em Curitiba a situação das pessoas surdas na sociedade. Para Érica Maestri, fundadora da Associação de Pais e Amigos dos Surdos (Apas) e do Movimento Familiar Voz do Silêncio, os deficientes auditivos encontram diversas barreiras para levar uma vida normal. Estas dificuldades geralmente são impostas pela escola, trabalho e muitas vezes na própria família.
Érica destaca que um dos problemas que as crianças surdas estão enfrentando hoje é a inclusão no ensino fundamental. Os professores e colegas não foram preparados para recebê-los, deste modo ficam isolados. Explica que a criança surda tem condições de freqüentar este tipo de escola, mas ela e o meio precisam estar preparados.
A filha de dela é um exemplo da capacidade destas pessoas. Surda aos dois anos de idade, hoje é formada em psicologia, trabalha na própria associação e como psicóloga escolar. Mas para chegar a esta situação o caminho não foi fácil. Naquela época, 1960, quase não havia recursos e ela não tinha a menor idéia de como ajudar a filha. Lembra que começou a conversar normalmente com a menina. “Minha mãe achava que eu não estava bem por falar com quem não me ouvia”, conta. Mas aos poucos ela percebeu que a criança podia entendê-la, pela leitura labial.
Com isto Érica se encheu de esperança e procurou a ajuda de uma clínica americana e aprendeu como lidar com a menina. Aos poucos foi procurada por outros pais e abriu uma escola para orientá-los. Como o modelo americano não se ajustava ao Brasil pediu ajuda à Universidade de Campinas.
A coordenadora do Voz do Silêncio ressalta que a estimulação é fundamental para o desenvolvimento e a família precisa colaborar com isto. Conta que a sua filha desde a segunda série freqüentava o ensino fundamental, mas em casa a sua ajuda foi importante. “Os surdos precisam de pessoas pacientes, que expliquem as coisas com calma”, diz. Com o seminário ela espera levantar esta questão junto a sociedade e conscientizar as pessoas sobre a dificuldade que os surdos enfrentam e o potencial que cada um tem. O encontro começou ontem e termina hoje, na Ópera de Arame.