“Nossa proposta foi colocada. Agora cabe a eles deixar o local até às 18h e voltar para o lugar de onde saíram”, comentou o tenente-coronel Mauro Pirolo, vice-presidente da comissão de mediação. “Viemos em missão de paz pedindo para que as pessoas entendam o lado do governo, que não pode permitir essa situação irregular”, completou. No último dia 21, o juiz da 14.ª Vara Cível, Luciano Carrasco Falavinha Souza, concedeu mandado de reintegração de posse ao antigo Banestado, proprietário do edifício.
Segundo o vice-presidente, a comissão não pôde andar pelo interior do prédio nem conversar com as pessoas. “Entendemos que é imprescindível conversar com as pessoas, mas o Anselmo (Anselmo Schwertner, coordenador do Movimento Nacional de Luta pela Moradia) não permitiu. Ele está assumindo o risco de sustentar a ocupação”, apontou. Para ele, o prazo concedido é “mais do que o suficiente” para os sem-teto deixarem o local.
Sem-teto
O coordenador do Movimento Nacional de Luta pela Moradia, Anselmo Schwertner, discorda. Para ele, no prazo concedido “é impossível reorganizar todas as famílias e deixar o local.” “Não vamos sair daqui de ?mão beijada”, apenas se tivermos um lugar para morar”, desafiou Anselmo. “Há tantos prédios públicos vazios, o que falta é vontade política”, completou.
De acordo com o coordenador do movimento, há cerca de cem famílias morando no prédio, incluindo dezenas de crianças. Quando aconteceu a ocupação, na madrugada do dia 7 de junho, eram apenas cerca de 40 famílias. A auxiliar de serviços gerais, Solange Venâncio, é uma das sem-teto. Além dela, estão as duas filhas pequenas, uma de dois anos de idade e outra de cinco. “Medo da polícia a gente tem, mas vai fazer o quê ? A gente não tem onde morar”, declarou. Solange está residindo em uma das salas do 6.ª andar com as meninas, para onde já levou toda a mudança, incluindo uma cama, rack, TV, som, geladeira e máquina de lavar roupa.
Sérgio Gonçalves, desempregado, também é um dos sem-teto. Com um filho de quatro anos, Sérgio contou que está disposto a tudo, inclusive desafiar a polícia. “O governo terá que se responsabilizar se acontecer alguma coisa com o meu filho”, disse.
