Foi tranqüila a desocupação do prédio do antigo Banestado, no centro de Curitiba. As 40 famílias seguiram para uma casa cedida pela Paróquia Santa Amélia, no bairro Fazendinha. Os líderes do movimento afirmam que pretendem ficar por lá uma semana, esperando uma proposta do governo do Estado ou da Prefeitura de Curitiba. Depois desse prazo, afirmam que vão agir novamente, embora não adiantem quais seriam os próximos passos.
O prazo dado pelo governo do Estado para que os integrantes do Movimento Nacional de Luta pela Moradia (MNLM) deixassem o prédio Saint Hilaire, na Marechal Deodoro, era até as 18h de ontem. As 15h, os ocupantes começaram a descer os móveis e eletrodomésticos para o térreo e por volta das 17h a mudança começou a ser carregada. Quatro caminhões e dois ônibus foram cedidos pela diretoria do antigo Banestado para o transporte.
Perto de 40 policiais do 12.º Batalhão da Polícia acompanharam a movimentação. Eles estavam no local desde a última sexta-feira para impedir que novas pessoas entrassem no prédio. Embora o clima anteontem estivesse tenso, ontem a desocupação ocorreu de modo pacífico, sem nenhum incidente. Viaturas da Policia Militar acompanharam a transferência das famílias até o Fazendinha.
O chefe de gabinete da Secretaria Estadual da Segurança Pública, Marcelo Jugend, esteve no local por volta das 15h e considerou satisfatório o desfecho do caso.
Um dos líderes do movimento, Anselmo Schwertner, disse que mesmo desocupando o prédio sem ter recebido nenhuma proposta concreta, a ocupação foi positiva, servindo para amadurecer o movimento. “Chamamos a atenção da sociedade. Do jeito que a situação habitacional é tratada levaria 70 anos para resolver o problema das favelas na cidade”, comentou.
O MNLM ocupava o prédio desde a madrugada do dia 7 de junho . O mandado de reintegração de posse foi concedido pelo juiz da 14.º Vara Civil, Benjamim Acácio.
Impedidos de voltar, muitos dormiram na rua
Impedidos de entrar no prédio do antigo Banestado, no centro de Curitiba, pela Polícia Militar, dezenas de sem-teto passaram a noite de sexta para sábado na calçada. Pela manhã, colchões, cobertores e objetos pessoais estavam na via pública.
Segundo o major Celso José Melo, do 12.º Batalhão da PM, não foi registrado incidente durante a madrugada, somente dois integrantes do Movimento Nacional de Luta pela Moradia (MNLM) deixaram o prédio para ir ao hospital.
O pedreiro Cláudio de Paula, 45, foi um dos que passaram a noite ao relento. Para fugir do frio, recorreu ao chimarrão. “Trabalhei até as 17h (na sexta). Quando cheguei, não pude mais entrar”, contou ele, que veio de Pontal do Paraná, onde trabalhava como caseiro. “A propriedade foi vendida e fui tirado de lá pela polícia.” No prédio, ele estava com a esposa e dois filhos. (Lyrian Saiki)