Os mais de 700 "sem terrinha" reunidos no Parque Newton Freire Maia, em Quatro Barras, Região Metropolitana de Curitiba, têm uma programação bastante singular para a semana do Dia das Crianças. Eles discutem o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e marcham para pedir mais escolas no campo ao governador Roberto Requião. As crianças, a maioria de acampamentos do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) no Estado, parecem adultos.
Klinger Batista, de 8 anos, está na segunda série em uma escola itinerante no acampamento 1.º de Agosto, em Cascavel. O chão da escola, segundo ele, é a própria terra, as paredes são de esteira e o telhado é de lona. Ele sabe muito bem o que pedir em frente. "Eu quero que arrumem minha escola porque entra água. Quando chove a gente fica tudo no cantinho da sala", conta Klinger.
Um pouco mais velho, com 13 anos, Olavo Pereira também tem consciência do que veio fazer no VI Encontro Estadual dos Sem Terrinhas do Paraná. "Viemos reivindicar nossos direitos. Precisamos de mais escolas e de professores que possam ensinar coisas da nossa realidade", afirma o adolescente, que de manhã estuda na escola do próprio assentamento, mas à tarde ajuda o pai na roça.
Ontem à tarde, no primeiro dia do encontro, as crianças se reuniram para discutir o ECA. Elas mesmas apontaram o que falta, para apresentarem hoje ao vice-governador Orlando Pessuti. A marcha ao Palácio Iguaçu programada para hoje faz parte da Jornada Nacional dos Sem Terrinha pela escola do campo, e acontece em vários estados.
