Protesto

Sem terra ocupam sete praças de pedágio do Estado

Oito das 27 praças de pedágio do Paraná, na BR-376 e na BR-277, foram ocupadas ontem por integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e da Via Campesina. Segundo os militantes, as manifestações ocorreram para divulgar o Dia Nacional de Luta pela Soberania Alimentar e Contra o Agronegócio. A estimativa foi de que em cada praça havia cerca de 50 manifestantes, que distribuíram panfletos aos motoristas.

Durante boa parte da manhã e início da tarde, os sem terra (na maioria mulheres) abriram as cancelas e os motoristas passaram sem pagar o pedágio. As praças começaram a ser ocupadas por volta das 8h e foram liberadas a partir das 12h.

Para a Via Campesina, o pedágio é mais um entrave à pequena agricultura, encarecendo a distribuição dos produtos agrícolas. Segundo o movimento, isso afeta diretamente o crescimento econômico do Paraná, porque todas as mercadorias viriam com o valor do pedágio embutido.

O protesto também foi contra o modelo do agronegócio voltado à exportação adotado pelo governo federal. “Enquanto isso, assentados, camponeses, pequenos e médios agricultores, responsáveis por 70% dos alimentos produzidos no Brasil, não recebem apoio do governo e acabam sendo muito prejudicados com a crise”, afirma o documento divulgado pela Via Campesina.

A reivindicação pela reforma agrária não ficou de fora. “Temos 6 mil famílias acampadas no Paraná aguardando a reforma agrária. E a alta no preço dos alimentos nos últimos dias prejudica tanto os trabalhadores camponeses quanto os consumidores”, disse Cirlene Alves Morais, do assentamento Guanabara, no município de Imbaú.

Decisão

A terceira turma do Tribunal Regional Federal da 4.ª Região decidiu ontem acabar com a proibição de manifestos contra o aumento do preço do pedágio no Paraná. Até então estavam proibidos de se manifestar contra a cobrança alguns deputados estaduais, a Frente Ampla pelos Movimentos Sociais e outras organizações.

“É o imposto mais caro que o paranaense paga. São R$ 6,5 bilhões já arrecadados. É uma dinheirama sem fim que beneficia poucos e chega a comprometer a vida de muitos”, afirmou em discurso ontem na Assembléia Legislativa do Paraná o deputado Luiz Claudio Romanelli (PMDB), líder do governo na Casa e um dos beneficiados pela decisão judicial. Em janeiro deste ano, o deputado burlou três cobranças de pedágio no período de uma hora, aconselhando os motoristas a seguirem o seu exemplo.

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