A demora para que o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) adquira parte da fazenda da empresa Araupel, em Quedas do Iguaçu, para instalar lá um assentamento, fez com que alguns dos sem-terra que estavam acampados na área conhecida como bacia ocupassem outras duas fazendas na madrugada de ontem. As fazendas ocupadas foram a Rio Grande, de 69 alqueires e de propriedade dos irmãos Darci e Darceu de Andrade, e a Acalanto, 77 alqueires, de Rodrigo Mezzomo. A informação sobre o número de ocupantes é conflitante.
Segundo a Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp), seriam quinhentas pessoas, sendo trezentas na Fazenda Rio Grande e duzentas na Acalanto. Já o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) informou que seriam 650 famílias, algo perto de 1,8 mil sem-terra.
A PM está monitorando o local. Há informações de que alguns sem-terra chegaram a ameaçar os donos das fazendas com foices e armas de fogo. Todavia, segundo a PM, não houve nenhum conflito. A Sesp aguarda decisão judicial para realizar a reintegração de posse, de forma pacífica, como vem sendo praxe na atual administração estadual. Policiais militares continuam monitorando as duas áreas ocupadas.
Conforme a coordenação do MST, em Curitiba, foram três os motivos que levaram os trabalhadores a ocupar as duas fazendas. A primeira é que nenhuma delas cumpre sua função social. A segunda é a continuidade das atividades da Jornada de Luta pela Terra, que acontece neste mês de abril em todo Brasil, pressionando para que a reforma agrária aconteça o quanto antes. Por fim, os sem-terra buscam pressionar para que o militante do movimento Elemar Cezimbra do Nascimento seja solto. Ele foi preso no último dia 3 de abril quando se dirigia a Guarapuava. Elemar é acusado de roubar soja da Araupel.
Os proprietários das duas fazendas invadidas ontem devem ingressar na Justiça, pedindo a reintegração de posse, nas próximas horas.