Sem terra, enfim, deixam a fazenda da Syngenta Seeds

A multinacional Syngenta Seeds deve retomar hoje a posse sobre a fazenda experimental que mantém em Santa Tereza do Oeste, próximo a Cascavel. Os integrantes da Via Campesina que estavam acampados no local prometem a saída de todas as famílias e a retirada de todos pertences até a manhã de hoje, quando um oficial de justiça e representantes da empresa estarão no local para reaver a área oficialmente. A reintegração de posse é dada à multinacional com oito dias de atraso, já que o prazo fornecido pela Justiça ao governo estadual para a retirada dos sem terra venceu no dia 9.  

Em vista da demora, embora a saída tenha sido pacífica, o governador Roberto Requião acumula multa de R$ 16 mil. O valor terá de ser pago por ele pessoalmente, mas somente quando o processo terminar – ou seja, ao haver sentença definitiva sobre o caso, já que, por enquanto, é uma liminar que garante a posse das terras à Syngenta. Hoje, o oficial de justiça também avaliará a área para saber se houve danos patrimoniais.

A saída dos sem terra ocorreu de forma lenta e gradual. Ontem, praticamente todos os pertences já haviam sido retirados, mas a chuva atrapalhou a colheita das vinte toneladas de mandioca que mantinham nas terras. ?Ainda vamos pensar o que fazer para levar tudo daqui. Se não tiver jeito, deve ficar para trás?, disse um dos integrantes da Via Campesina, Sebastião Alves. Segundo ele, no final da tarde de ontem, restavam apenas alguns animais a serem levados para o acampamento ao lado, no assentamento Olga Benário, para onde todas as 70 famílias foram transferidas. Mesmo assim, o sem terra garantia a desocupação. ?Até amanhã (hoje) cedo, vamos sair?, disse.

O representante dos sem terra ressaltou que a luta pela desapropriação da fazenda continua, mas não adiantou sobre a possibilidade de nova invasão no local. ?Não sabemos de nada nesse momento. O passar dos dias é que vai dizer a respeito?, se limitou a informar. Os sem terra aguardam também as decisões de processos que tramitam na Justiça. Pelo menos três recursos interpostos pela Procuradoria-Geral do Estado (PGE), pela Via Campesina e pelo próprio Requião pedindo a revogação da liminar que garante posse à empresa aguardam julgamento no Tribunal de Justiça (TJ). 

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