As oitenta famílias que haviam ocupado uma área da fazenda Alvorada, em 5 de abril, no município de Lindoeste, a 45 quilômetros de Cascavel, Sudoeste do Paraná, deixaram o local por volta das 23h de terça-feira. A saída das famílias, formadas por dissidentes do Movimento dos Trabalhadores Rurais SemTerra (MST) e pessoas da região foi negociada pela Comissão Especial de Mediação das Questões da Terra do governo do Paraná.
Por determinação do governador Roberto Requião, a comissão visitou a área, com o propósito de evitar os conflitos iminentes entre as famílias acampadas e funcionários da propriedade. A fazenda pertence ao ex-deputado estadual Edi Siliprandi, que já tinha um mandado de reintegração de posse da área.
A comissão, composta pelo secretário do Trabalho e Promoção Social, Padre Roque Zimmermann, pelo major Mauro Pirolo e pelo assessor comunitário da Secretaria de Segurança, Benjamin Zanlorenci, foi acompanhada pelo assessor da Superintendência do Incra do Paraná Nilton Bezerra Guedes. Depois de ouvir os argumentos da comissão, sobre os impedimentos legais para a criação de um assentamento no local, as famílias resolveram deixar a área, sem fazer maiores exigências. A fazenda Alvorada foi considerada produtiva, em uma avaliação do Incra, e o proprietário nunca manifestou interesse em disponibilizá-la para a reforma agrária. Além disso, o tamanho da área estaria abaixo do limite mínimo necessário para a implantação de assentamentos (270 hectares).
“O êxito dessa e de outras ações tem revelado o acerto do governador Roberto Requião ao constituir essa comissão de negociação fundiária”, afirma o secretário Padre Roque Zimmermann, também presidente da comissão. “Essa é uma clara sinalização de que existem soluções não violentas para os conflitos, que ocorrem naturalmente e são inevitáveis”, analisa Zimmermann. De acordo com o secretário, espera-se que daqui para frente, sempre que houver discordâncias, se busque solução, e que principalmente tenha paciência e bom senso.
As famílias acampadas na fazenda foram orientadas a procurar a unidade do Incra mais próxima, para fins de se cadastrar no programa de reforma agrária, visando o assentamento em outras áreas. Durante reunião com a comissão, foi esclarecido às famílias que o processo de assentamento é lento e que no momento não há estoque de áreas, mas que a reforma agrária vai caminhar no Paraná e que todos os esforços estão sendo feitos nesse sentido.