Foto:Rodrigo Covolan/Diário dos Campos

Via Campesina fechou a BR-376 em Ponta Grossa durante uma hora e meia, deixando tráfego lento na região.

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Integrantes da Via Campesina e do Comitê em Defesa dos Pequenos Agricultores interditaram parcialmente ontem a BR-376 em Ponta Grossa, na região dos Campos Gerais. Eles cobram do governo federal a reestatização da empresa Ultraféril/Fosfértil.

Durante uma hora e meia, o tráfego ficou lento na região, segundo a concessionária Rodonorte, que administra o trecho.

Os manifestantes se concentraram no quilômetro 505, em frente à sede de uma unidade da empresa de agroquímicos Bunge.

A empresa foi privatizada há 15 anos e atualmente está sob o controle da Bunge. Segundo a Via Campesina, a multinacional controla 52% da produção de fertilizantes no Brasil, o que teria por conseqüência o aumento do preço de alimentos básicos.

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Durante a tarde, foi realizada uma audiência pública para que fosse feito um balanço dos 15 anos de privatização da Bunge. ?O processo internacional de privatização no setor encareceu os alimentos e criou um monopólio. Esse controle é exercido por sete ou oito empresas no mundo todo, na industrialização, distribuição, importação e exportação dos alimentos?, avaliou Edson Bagnara, da coordenação regional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Pelos mesmos motivos, no dia 12 de junho, camponeses protestaram em frente à fábrica da Fosfértil, da Bunge, em Araucária, Região Metropolitana de Curitiba.

A Bunge se pronunciou sobre a manifestação por meio de comunicado e deu a sua versão sobre o mercado de fertilizantes. ?Os fertilizantes têm em sua composição matérias-primas vinculadas aos preços do petróleo, do gás natural, dos fretes e ao balanço de oferta e demanda. Mais de 70% do suprimento de fertilizantes ao mercado brasileiro é importado e por isso a Indústria Nacional de Fertilizantes pratica os preços do mercado internacional?, esclareceu a nota.

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Segundo a Bunge, existem entraves ao aumento da produção nacional de fertilizantes, que dependeria da disponibilidade de matérias-primas encontradas em depósitos minerais e sub-produtos da indústria de refino do petróleo.

Marcha

Na próxima segunda-feira, o MST deve começar uma marcha na região sudoeste do Estado, que sairá simultaneamente dos municípios de Capanema e de São Jorge do Oeste até Francisco Beltrão, onde devem chegar no dia 30, após percorrer mais de 300 quilômetros.

Os trabalhadores querem a libertação dos quatro sem terra presos desde 4 de julho por causa da ocupação da Fazenda Araçá, no município de Marmeleiro, também no sudoeste do Paraná.

Na chegada a Francisco Beltrão, o MST pretende realizar atos públicos e uma audiência pública com a presença de parlamentares, religiosos e representantes de entidades defensoras dos direitos humanos.