Líderes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) de todo Paraná foram recebidos ontem pelo governador Roberto Requião, no Palácio Iguaçu, em Curitiba. No total, cinqüenta pessoas – entre elas o vice-presidente nacional da Comissão Pastoral da Terra e bispo auxiliar da arquidiocese de Curitiba, dom Ladislau Biernaski – participaram do encontro. Eles presentearam o governador com uma cesta de produtos orgânicos, produzidos nos assentamentos e nas escolas rurais, e apresentaram um documento contendo cinco reivindicações.
A primeira delas é a criação de um programa especial para famílias acampadas no Paraná. No total são 11 mil famílias, o que corresponde a 55 mil pessoas, que vivem em acampamentos irregulares e beiras de estradas. “Precisamos que sejam disponibilizadas terras para que essas famílias possam plantar. De preferência, isso deve acontecer até setembro, que é mês de plantio”, comentou o integrante da direção estadual do MST, Célio Rodrigues. “É necessário acabar urgentemente com o problema da fome no campo.”
A segunda reivindicação diz respeito à educação. O MST quer que o governo do Estado estude formas de implantar escolas itinerantes nos acampamentos, evitando que as crianças fiquem sem assistir aulas, e cursos pedagógicos para formar educadores no campo.
O terceiro e o quarto pedidos do MST se referem à produção e assistência técnica para as áreas de assentamento. Para que o agricultor permaneça no campo, o movimento solicitou ao governador que os custos de produção sejam diminuídos e que a assistência técnica dada ao produtor seja contínua. “Precisamos qualificar e capacitar os agricultores para que eles possam agregar valor ao que produzem”, comentou um dos líderes do MST no Estado, José Damasceno.
A última questão tratam da violência contra os sem-terra. Damasceno explicou ao governador que, nos últimos oito anos, os integrantes do MST foram caçados como bandidos e tiveram uma convivência bastante difícil com a PM. “A polícia deve ser melhor preparada para lidar com a questão agrária. Os policiais precisam começar a enxergá-la como uma questão social. A PM sempre nos viu como bandidos”, afirmou. “Também deve haver mais empenho da Secretaria de Segurança Pública para acabar com a milícias armadas.”
Respeito
Requião disse respeitar o MST como um movimento social e considerou as reivindicações apresentadas como propostas bastante inteligentes e práticas. Propôs aos trabalhadores que, a partir da próxima semana, organizem grupos de três ou quatro pessoas para cada questão apresentada para conversar e discutir soluções com grupos de funcionários do Estado.