As 160 famílias do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) continuam acampadas em uma área próxima à fazenda da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), em Ponta Grossa. Eles desocuparam o local no domingo, mas continuam reivindicando um espaço para o plantio da safra este ano. No entanto, o representante da Embrapa que veio de Brasília para negociar a desocupação, Antônio Maciel, explica que o local não pode ser arrendado porque é totalmente destinado à pesquisa. Durante a semana será estudada a possibilidade de uma parceria com os trabalhadores.
As famílias invadiram a área de 3.900 hectares na última sexta-feira e o governador Roberto Requião determinou que elas deixassem o local até as 15h do dia seguinte. Os trabalhadores só concordaram em sair depois que se reuniram com representantes da Embrapa. No entanto, o coordenador do MST na região dos Campos Gerais, Célio Rodrigues, afirma que eles não receberam nenhuma proposta significativa e só concordaram em sair porque estavam com medo da ação da polícia.
Célio espera que a Embrapa forneça uma área para o plantio de subsistência e que governo estude uma forma de assentá-los no local. Segundo ele, a fazenda não seria totalmente voltada à pesquisa e várias áreas estariam arrendadas, entre elas uma com 450 hectares para reflorestamento. Além disso, afirmam que a Embrapa poderia estabelecer uma parceria de trabalho com eles como faz com outras empresas.
Maciel explica que apenas 1.200 hectares são da Embrapa, o restante foi cedido em forma de comodato e pertence ao Instituto Agronômico do Paraná (Iapar). Ele frisa que nenhuma área é arrendada, nelas são realizadas pesquisas através de convênios com outra empresas. Esta semana em Brasília vão discutir o assunto e verificar as possibilidades de estabelecer parcerias com o MST.
Os trabalhadores pretendem ficar acampados no local esperando uma resposta do governo. Enquanto isso, as cerca de cem crianças sofrem com a situação. O acampamento fica ao lado de uma estrada e a poeira é constante devido ao tráfego intenso de caminhões com calcário.
Célio comenta ainda que não existe água potável no local, nem escola e os suprimentos de comida do assentamento já estão no fim.