Apesar do tempo seco e da baixa incidência de chuvas, o Paraná não deve enfrentar problemas com o abastecimento de água. Quem garante é o diretor de operações da Companhia de Saneamento do Paraná (Sanepar), Wilson Barion.
A última chuva mais intensa que caiu em Curitiba, região metropolitana e nos Campos Gerais foi há quase um mês. Nas outras regiões do Estado, não chove há aproximadamente 15 dias.
A exceção é o litoral, que teve uma boa precipitação na semana passada. Em junho, choveram 97 milímetros na capital, um pouco acima da média prevista para o mês, que é 90 mm.
Em julho, ainda não choveu. A média histórica é de 88 mm. Os dados são do Instituto Tecnológico Simepar, que informa ainda que as chuvas tendem a ficar abaixo da média em todo o Estado este mês.
De acordo com Barion, os reservatórios em todo o Paraná operam sem qualquer tipo de dificuldade, pois as chuvas que ocorreram em maio e junho foram suficientes para garantir que a população não sofra com racionamento.
Em Curitiba e região metropolitana, as três barragens que atendem à população – Passaúna, Iraí e Piraquara – estão com suas capacidades no máximo, o que deve garantir água para todos, mesmo que não ocorram chuvas no período de inverno. Ele comenta ainda que a Sanepar está na iminência de carregar a barragem Piraquara II, o que deixaria Curitiba e região sem racionamento pelos próximos anos.
A exceção, segundo o diretor, está no município de Palotina, no oeste, que é abastecido por poços artesianos. Contudo, afirma, a situação está sendo contornada aos poucos. A Sanepar está perfurando mais um poço no local. ?Estou otimista com relação a não termos estiagem este ano. Mesmo em regiões mais altas do Estado, como em Apucarana, o provimento está normal?, diz Barion.
Uso racional
Apesar da fartura de água, o diretor garante que campanhas para incentivar o uso racional serão mantidas. ?A água é um bem finito. Temos que usá-la de maneira correta para evitar o desperdício. Por isso, as campanhas vão continuar.?
Tempo seco propício a queimadas
Se por um lado não deve haver problemas com a água, o mesmo não pode ser dito com relação às queimadas. O tempo seco, aliado à baixa umidade do ar, é propício para que uma simples fagulha na mata seca cause incêndios.
De acordo com o Corpo de Bombeiros, de janeiro a julho deste ano foram registradas 1.570 ocorrências de queimadas somente em Curitiba e eegião metropolitana. Número menor se comparado ao mesmo período do ano passado, quando foram apurados 3.081 casos. Contudo, o índice ainda é alto.
?A incidência de queimadas e incêndios nesse período do ano pode ser considerada alta. Enquanto persistir a falta de chuva, sempre haverá um perigo iminente?, afirma o tenente do Corpo de Bombeiros, Anderson Anderle. Ele explica que um dos grandes vilões para esse tipo de incidente são as queimadas para limpar terrenos. ?Se isso não for feito corretamente, a queimada pode se transformar em um incêndio e, nesse caso, os estragos são bem maiores?, afirma.
Os transtornos gerados pelas queimadas e incêndios afetam a toda a população, explica o capitão Luiz de Ávila Júnior, da Polícia Ambiental do Paraná. ?Para o meio ambiente, o fogo vai destruir o habitat de animais e microorganismos e a flora. Caso o local atingido fique às margens de um rio, por exemplo, pode ocorrer erosão, pois a mata ciliar será afetada. Se for à beira de uma rodovia, as chances de acidentes aumentam bastante, pois a visibilidade dos motoristas cai consideravelmente.? O capitão diz também que, com as queimadas, muitos gases tóxicos são lançados no ar, caracterizando poluição atmosférica.
Crime
Causar incêndios ou fazer queimada sem prévia autorização configura crime ambiental, que resulta em prisão de dois a quatro anos e multa de R$ 1 mil por hectare queimado. Se o incêndio ou queimada tiver animais mortos, a multa sobe em mais R$ 1 mil por animal.