A indefinição sobre a tarifa técnica do transporte coletivo em Curitiba foi o argumento pra que as empresas de ônibus atrasarem o adiantamento salarial de motoristas e cobradores – o chamado “vale”, que correspondente a 40% do salário. O valor deveria ter sido depositado na segunda-feira.
Nove das 11 empresas não fizeram o pagamento integral a cerca de 8 mil funcionários. O vice-presidente do Sindicato dos Motoristas e Cobradores (Sindimoc), Dino Cesar de Mattos, disse que duas empresas haviam regularizado o pagamento até o final da tarde de ontem. “Cada vez mais fica clara a intenção de as empresas em forçarem a Urbs a definir o valor da tarifa, mas jogam o problema pros funcionários”, diz.
O Sindimoc descartou uma greve. Preferiu a via judicial: entrou com ação na Justiça do Trabalho contra as empresas, por danos morais coletivos.
O Sindicato das Empresas de ânibus (Setransp) alega que os R$ 2,93 que recebem por passagem não é o suficiente pra cobrir os custos de pessoal, encargos sociais e insumos, como diesel e manutenção dos ônibus, e que a dificuldade no fluxo de caixa foi a causa do atraso. Não informa, porém, porque optou pelo corte, sem aviso prévio, de parte dos vencimentos dos funcionários.
Cadê o dinheiro??
A Urbs diz que não se manifesta, por que o assunto é entre patrões e empregados, e que os repasses estão em dia. Inclusive, nos últimos dois meses, fez adiantamento de recursos às empresas de ônibus de R$ 17 milhões, por determinação de um termo firmado com o Ministério do Trabalho. O valor vem da diferença de R$ 0,37 entre a passagem paga pelo usuário (R$ 3,30) e a tarifa técnica atual (R$ 2,93), e deverá ser descontado quando a nova tarifa for definida. O que falta pra definição desse novo valor, segundo a Urbs, é que as empresas formalizem o pedido de repactuação da tarifa, em que devem justificar todos os valores requeridos.