Chuniti Kawamura
Favelas da região metropolitana, como a Vila Audi,
têm freqüentes problemas de abastecimento.

A população que vive na Vila Democracia, nas margens da Rodovia dos Minérios, em Almirante Tamandaré, Região Metropolitana de Curitiba, está consumindo água de uma mina contaminada porque não consegue pagar as contas do fornecimento de água da Sanepar. A Prefeitura do município quer a implantação da tarifa social na região, o que facilitaria o aceso à água tratada.

A comunidade está numa área invadida e não teria direito aos serviços da Sanepar. Por isso, a Prefeitura estendeu a rede de água até lá. “As pessoas tiveram a água ligada, mas elas não têm como pagar por ela”, conta José Carlos Abreu, secretário municipal da Saúde. Como o fornecimento foi cortado, os moradores buscam água em minas nos morros da região. Um laudo da Sanepar feito em março de 2001 apresentado pela Prefeitura constata que essa água é contaminada por coliformes fecais, portanto, imprópria para o consumo. “A aparência dela é cristalina, aparentemente não faz mal. Isso já criou um valor cultural na comunidade. Eles não admitem que a água esteja contaminada”, revela Abreu. A Prefeitura já tentou lacrar as minas, mas sem sucesso. “No dia seguinte eles reabrem”, afirma.

Tarifa social

Abreu conta que a única solução para a região é a implantação da tarifa social, que prevê uma taxa menor para a população com renda inferior a dois salários mínimos e com consumo até 10 metros cúbicos de água. Em 2001, a pedido da Prefeitura, a Sanepar esteve no local para cadastrar as famílias para a implantação da tarifa. De acordo com o secretário, a empresa ainda não tomou providências sobre o assunto.

A água contaminada tem piorado ainda mais a já precária qualidade de vida na Vila Democracia, segundo Abreu. São comuns os casos de diarréia. Ele afirma que há ainda outros fatores de risco, como a leptospirose e a desnutrição, que podem ser agravados com a água imprópria.

A região do Bonfim, onde está localizada a Vila Democracia, foi invadida há mais de 10 anos. Segundo o Instituto Ambiental do Paraná, a localidade não poderia ser habitada e nem regularizada. Porém, não existe um projeto de retirada e assentamento dessa comunidade em outro local. “A solução mais correta é essa, mas não existem recursos para isso”, explica Abreu.

A Sanepar, por meio de sua assessoria de imprensa, informou que cada morador precisa pedir a tarifa social. Basta ir até os postos de atendimento das Ruas da Cidadania ou no escritório da empresa em Almirante Tamandaré. Os requisitos são a comprovação da renda de até dois salários mínimos e consumo de até 10 metros cúbicos em uma construção que não pode chegar a 60 metros quadrados. A Sanepar vai até o local e verifica se há condições para a implantação da tarifa. A taxa é de R$ 4,70 só de água. Para o esgoto, são acrescidos 50%, totalizando R$ 7,35. O valor normal para a mesma quantia de água é de R$ 13,30, fora os 80% cobrados para a rede de esgoto.

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