Depois de quase 30 anos em Araucária, o posto da Polícia Militar Rodoviária, conhecida como Polícia Rodoviária Estadual (PRE), deixou de funcionar no município da Região Metropolitana. Na semana passada os policiais terminaram a mudança da casa onde estavam instalados, no número 250 da Rua Maria Brunato Cantador. A equipe foi obrigada a deixar o local por causa do atraso no pagamento de 24 parcelas do aluguel.

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Além de expor a situação precária da corporação – relatada pelos policiais ouvidos pelo Paraná Online -, a situação revela também a falha no policiamento em rodovias estaduais importantes e com alto fluxo, como a PR-423, que até então eram atendidas pelo efetivo do posto de Araucária. Isso significa ainda que as demais unidades que compõem a 1.ª Companhia de Polícia Rodoviária, na região de Curitiba, ficam agora sobrecarregadas. Soma-se a isso o baixo efetivo, que obriga policiais rodarem sozinhos centenas de quilômetros para atender ocorrências de acidentes graves ou situações de roubos de carga e veículos, enquanto o ideal é o trabalho ser realizado por pelo menos duas pessoas.

A casa em Araucária foi ocupada pelos policiais em 2010, depois que a responsabilidade pela Rodovia do Xisto (476) passou para a Polícia Rodoviária Federal (PRF). Localizada a aproximadamente dois quilômetros distante da PR-423, a residência foi adaptada para acomodar o posto e também servia de pátio para os carros acidentados.

Atila Alberti
Na velha casa da PRE em Araucária, sobraram rádio e duas cadeiras.

Convênio

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Até o final de 2012 o aluguel foi pago pela prefeitura de Araucária, por meio de um convênio com a PRE. De acordo com a assessoria de imprensa do município, a administração enviou um documento para a polícia pedindo a renovação do convênio, mas não teve retorno. A partir de então não foi possível pagar as despesas. A prefeitura destaca ainda que tem interesse em renovar a parceria, mas aguarda um posicionamento da corporação.

O proprietário do terreno, que prefere não se identificar, conta que a dívida chegou a R$ 30 mil. “Tentamos fazer um acerto, não queríamos que a polícia saísse daqui, mas não teve jeito e o advogado da imobiliária entrou com uma ação de despejo”, disse. Ele afirma que o valor do aluguel era de R$ 1 mil mensais.

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Instabilidade

“A PRE de Araucária não existe mais. O Estado não queria que a gente fosse para aquela casa, queria que a gente fosse pra sede da 1.ª Companhia e não ia mais ter posto nenhum. Mas a prefeitura, pra não perder os policiais em Araucária, se propôs a pagar o aluguel”, contou um policial, que não quis se identificar e disse ainda que a situação prejudica o desempenho das equipes. “É uma instabilidade. A gente não sabe onde vai estar amanhã, se vai trabalhar aqui ou em outro lugar. Ninguém imaginava que iria acontecer isso. O pessoal saiu da casa muito triste, teve gente que quase chorou, porque a gente se apega, né?!”, lamentou.

Reprodução/Google
Em 2011, posto estava em operação e servia como depósito de carros.

“Policiamento continua”

O comando da PRE afirma que a desocupação da casa não significa que o policiamento acabou. De acordo com o subcomandante da Polícia Rodoviária Estadual, Major Marcos Dutra Rodrigues, a patrulha pela área de atua&c,cedil;ão do posto continua com módulo móvel e viaturas permanentes. “Continuamos no município, o trecho estadual na região é de apenas 30 km. A estrutura física foi desestruturada, mas o policiamento segue permanente”, disse.

Questionado sobre como seria a estrutura disponibilizada para as equipes, que fazem turnos de 24 horas e, trabalhando em módulos móveis teriam dificuldade no acesso a banheiros e espaço para descanso, o Major afirmou que é possível utilizar a estrutura de outros postos próximos. Além disso, novos módulos móveis contam com banheiros químicos. “O posto foi desativado pela precariedade da estrutura. Eles estavam sem condição de prestar serviço no local. Era um local insalubre, inadequado pra prestar um bom serviço”, avaliou.

Apesar da informação de que as mesmas equipes do posto de Araucária continuam em atividade na área, o policial ouvido pelo Paraná Online nega a afirmação. Ele disse que as equipes foram desfeitas e o efetivo foi transferido para outras unidades da 1.ª Companhia. Quem está cobrindo a região são os policiais do posto da Lapa ou do Contorno Norte. “Isso atrasa o serviço e, no caso de um acidente, pode gerar outros acidentes pelo não atendimento imediato. Está complicado”.