Pandemia em fase crítica

Sem cilindros e com alta demanda, cidades do Paraná correm para instalar usinas de oxigênio

Tanque de oxigênio
Tanque de oxigênio instalado no Hospital São Sebastião, na Lapa, para reforçar o atendimento a pacientes com Covid-19. Foto: Sesa-PR

A alta demanda por oxigênio causada pela transmissão acelerada do coronavírus no Paraná abriu a corrida dos municípios para abertura de usinas de produção própria do gás hospitalar. A crise não é na produção de oxigênio, e sim na falta de cilindros para o envasamento, o que levou o governador Carlos Massa Ratinho Jr (PSD) a requisitar o envio dos tubos usados no colapso de Manaus (AM) em fevereiro para ajudar os hospitais do Paraná.

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“O problema do suporte do oxigênio não é pela questão do gás, mas pela infraestrutura”, confirmou o presidente da Federação dos Hospitais do Paraná (Fehospar), Rangel Silva, em explanação da situação financeira das unidades de saúde à Frente Parlamentar do Coronavírus na Assembleia Legislativa semana passada.

Como a demanda está muito alta, os hospitais estão sem cilindros reservas. Dessa forma, o paciente corre o risco de ficar sem oxigênio no período em que o tubo é reabastecido. Como aconteceu no último fim de semana em Clevelândia, município de 17,2 mil habitantes na região Sudoeste do estado. Como Clevelândia reenvasa seus cilindros na vizinha Pato Branco e na cidade catarinense de Chapecó, respectivamente a 50 km e 115 km de distância, os pacientes correram risco de ficar sem o suporte respiratório no reabastecimento.

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Situação que só foi contornada pela mobilização de cervejarias que pararam suas produções para ceder o oxigênio de suas fábricas, além de mobilizarem a população a também emprestar cilindros ao hospital.

Diante dessa dificuldade, a prefeitura de Clevelândia se uniu à vizinha Mariópolis para instalar uma usina para produzir o próprio oxigênio. O valor da estrutura é de R$ 327 mil e começa a ser instalada na próxima quarta-feira (24), com capacidade de 161,28 metros cúbicos produzidos em 24 horas por dia. “Com a usina, a gente consegue carregar os cilindros rapidamente. Em questão de minutos o cilindro sai e volta para o hospital”, explica Rafael Barbosa, chefe de gabinete da prefeita de Clevelândia, Rafaela Martins Losi (PSD).

A prefeitura de Maringá, no Noroeste, está instalando uma usina para atender a alta demanda pelo gás. Entre fevereiro e março, o consumo de oxigênio no Hospital Regional e na principal UPA da cidade aumentou 7,5 vezes, saltando de 20 mil metros para 150 mil metros cúbicos. “Finalizamos os estudos necessários e estamos com negociações adiantadas com indústrias fornecedoras para instalar a usina. É  uma importante neste momento do combate à Covid-19”, postou o prefeito de Maringá, Ulissses Maia (PSD), em sua conta no Facebook.

Em Ponta Grossa, o vereador Léo Farmacêutico (PV) solicitou à Câmara Municipal que envie moção de apelo para a prefeitura instalar uma usina de oxigênio diante do aumento de quase 300% no consumo do Hospital Regional. Quinta-feira (18), a cidade nos Campos Gerais entrou em lockdown, não só com o fechamento do comércio e outras atividades não essenciais, mas inclusive com a paralisação do transporte coletivo.

“Este aumento no consumo de oxigênio se configura como um padrão preocupante, pois se as previsões sobre a nova variante do vírus se confirmarem, as quais demonstram uma maior transmissibilidade do vírus, em breve teremos um desabastecimento generalizado de oxigênio medicinal”, alerta o vereador ponta-grossense no pedido.

Mais reservatórios

Em Foz do Iguaçu, o sistema de saúde está sobrecarregado não só pelos pacientes da própria cidade, mas também os vindos do Paraguai. No Hospital Municipal, a cada três pessoas com coronavírus atendidas, uma é do país vizinho, seja brasileiro que mora no outro lado da fronteira ou mesmo cidadão paraguaio.

Dessa forma, o armazenamento de oxigênio já havia sido duplicado em fevereiro, com a instalação de um novo tanque, passando de 9,7 metros cúbicos para 18,5 metros cúbicos. Mesmo assim, a prefeitura vai ter que reforçar a capacidade com mais dois novos tanques.

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Na Lapa, região metropolitana de Curitiba, a Secretaria Estadual de Saúde (Sesa) também reforçou o armazenamento com a instalação de um tanque com capacidade de 4,3 mil metros cúbicos para atender o Hospital São Sebastião. O reforço é justamente para atender o aumento da demanda. Em dezembro, o hospital da Lapa passou a atender pacientes de covid-19 com a abertura de 40 leitos clínicos. Agora, a Sesa planeja a abertura de mais vagas no hospital para os próximos dias.

Curitiba

Na capital, é justamente a produção própria de oxigênio que permite uma situação um pouco menos desconfortável em relação aos outros municípios. Só nas UPAs, que semana passada foram transformadas em prontos-socorros para atender a demanda de pacientes graves com covid-19, o consumo saltou dez vezes, de 420 metros cúbicos por dia para 3,5 mil metros cúbicos.

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“Quem depende de torpedo de oxigênio hoje não dá conta porque dura só de duas a três horas. E os pacientes agora, pela gravidade, demandam alto fluxo, o que os torpedos não dão conta. O cilindro fornece 5 litros ou 6 litros de oxigênio por minuto. Temos pacientes que estão usando 15 litros, 20 litros por minuto. A demanda agora é muito grande”, enfatizou a secretária municipal de Saúde de Curitiba, Márcia Huçulak, em entrevista à Gazeta do Povo.


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