Sem chuva, problema da estiagem se agrava

A estiagem não pára de causar efeitos devastadores aos principais mananciais do Paraná. Ontem à tarde, a Superintendência de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e Saneamento Ambiental (Suderhsa) registrou a menor vazão da história do Rio Tibagi, na região de Londrina, desde que o monitoramento dos rios começou a ser feita, em 1977. A vazão média do afluente é de 400 metros cúbicos por segundo, e o registro ontem foi de 36 metros cúbicos por segundo, dois pontos abaixo da menor vazão registrada até hoje, em 1988.

Na região de Curitiba, abastecida pela bacia do Alto Iguaçu, a situação do Rio Iguaçu, que também bateu o recorde negativo este ano, melhorou um pouco. A vazão subiu em função das fracas chuvas na região registrada a pouco mais de quinze dias. Mas mesmo assim, com 62,8 metros cúbicos por segundo, a vazão está muito abaixo da média de 466 metros cúbicos por segundo.

Com as baixas, o problema da falta de água em Curitiba e região pode ficar mais severo. Segundo Nilson Antônio de Morais, da Suderhsa, o preocupante na região abastecida pela bacia do Alto Iguaçu é a demanda. ?Curitiba e região consomem mais água do que o sistema pode suportar. Por enquanto, a Sanepar está recorrendo às cavas. Mas quando essa água acabar, o sistema do Alto Iguaçu não terá água disponível?, diz, referindo-se aos rios Atuba, Iraí e Pequeno, principais fornecedores de água das barragens que servem Curitiba e região. ?Na região da BR-277, o monitoramento nas cabeceiras dos rios mostra que a vazão cai a cada dia.?

Segundo Morais, na estação da Sanepar na BR-277, o nível da vazão está em 3,7 metros por segundo, enquanto o normal é 12 metros por segundo. Com as barragens do Iraí e Piraquara abertas, a informação da Sanepar é de que o nível das reservas continuam caindo.

Diante do quadro alarmante, a empresa continua apelando para a economia, mesmo nos dias em que os moradores de determinado grupo não estejam no rodízio. A mensuração da eficiência do rodízio, no entanto, só poderá ser feita a partir de amanhã, quando será concluído o último dia da primeira semana de rodízio. O grupo 7, formado parcialmente pelos bairros Água Verde, Capão Raso, Fanny, Fazendinha, Guaíra, Parolin, Pinheirinho, Seminário e Vila Izabel e totalmente pelos bairros Lindóia, Novo Mundo, Portão e Santa Quitéria terão o fornecimento cortado a partir das 14h de hoje. Amanhã, o grupo 1 abre a segunda semana do racionamento.

Caminhões

Para evitar o comprometimento do fornecimento de água, condomínios e hotéis estão recorrendo aos serviços prestados por empresas de transporte de água. O comerciante Antônio Petrin, da Press Transportes, afirma que a procura pelos caminhões-pipa cresceu 50% desde o início do racionamento. ?Estamos trabalhando bastante e os pedidos não param de chegar?, diz. Os caminhões disponibilizados têm em média capacidade para 15 mil litros de água e custam até R$ 220,00, dependendo da quantidade de água solicitada.

A Sanepar alerta para que os consumidores estejam atentos para comprar de empresas autorizadas, que buscam água nas estações de tratamento Karst, Rio Pequeno, Passaúna e no reservatório do Pinheirinho. Nos caminhões, há um lacre de garantia da Sanepar, atestando a qualidade da água. Segundo a assessoria de imprensa da empresa, apenas na terça-feira, 57 caminhões-pipa buscaram água nos reservatórios, com formação de fila em alguns momentos.

Calor excessivo na capital em pleno inverno surpreende

Foto: Aliocha Maurício/O Estado

Altas temperaturas na capital.

O calor excessivo em pleno inverno faz os curitibanos esquecerem os casacos pesados e aquecedores de ar no armário. Na última terça-feira, os termômetros na capital paranaense marcaram nada menos que 28,8ºC, um recorde para a estação mais fria do ano. Ontem, a temperatura chegou aos 26,8ºC, e, em alguns pontos, alcançou 30ºC, o que não ameniza a média fora do normal para o período.

Segundo o meteorologista do Instituto Tecnológico Simepar, Fernando Mendonça Mendes, até agora, o registro aponta para a maior média de temperatura do inverno desde que o instituto começou a fazer o monitoramento. ?A média aponta dois graus a mais do que o normal?, diz, confirmando a impressão da população de que se trata de um inverno atípico.

Entre 1997 e 2004, a média nos meses de junho, julho e agosto, respectivamente, foi de 14,8ºC, 13,9ºC e 15,4ºC. Neste ano, a média em junho foi de 15ºC, de julho foi de 15,9ºC e, até agora, de 16ºC em agosto. ?É um comportamento diferenciado?, diz o profissional.

O calor fora de época é fruto da transformação da massa de ar frio que estava sobre a região em uma massa de ar quente, devido a pressão de uma nova frente fria. Se serve de alento, com a chegada da referida frente, proveniente do Rio Grande de Sul, estão previstas chuvas fracas em boa parte do Paraná para hoje e amanhã.

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