Segurança no trânsito em debate

A evolução do trânsito, marcada pelo aumento constante do número de veículos, não foi pensada e, por isso, entra em conflito com as habilidades e limitações do ser humano. Esta é a opinião do consultor de segurança de trânsito do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Philip Anthony Gold, que aponta, como uma das soluções, melhorar a engenharia de tráfego. Convidado a participar VII Encontro Municipal de Segurança no Trânsito, ontem, na Câmara Municipal de Curitiba, ele diz que no Brasil não se prioriza a segurança das pessoas, tanto que cerca de 60% dos que morrem no trânsito são pedestres.

Em comparação com outras cidades brasileiras, Philip Gold diz que a segurança de trânsito em Curitiba é boa. Mas é preciso incentivar os transportes mais seguros, como ônibus e trem.

Dados do Ippuc (Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba) de 2001 mostraram que havia 2,2 habitantes por veículo. Hoje, a frota de veículos na capital é de 738 mil. Enquanto isso, o transporte coletivo, por mais lotado que fique nos horários de pico, demonstra-se ocioso, já que a média é de dois passageiros por quilômetro rodado. Ainda assim, a prefeitura de Curitiba obteve um empréstimo de US$ 80 milhões do BID para investir no setor.

Números

Dados apresentados pelo especialista Gold mostram que, por ano, no Brasil, são 7.500 feridos no trânsito, dos quais cerca de quinhentos ficam deficientes e aproximadamente quatrocentos morrem. Para mudar esses números, Gold diz que é preciso, antes de mais nada, conhecer os acidentes por meio de pesquisas que apontem como e onde eles ocorrem. É necessário também treinar os policiais para preencherem melhor os boletins de ocorrências. “Conhecendo a causa é possível atacar o problema”. Além disso, é preciso melhorar a legislação, que em determinadas situações é de difícil aplicação e melhorar a engenharia de tráfego.

Segundo ele, 1% dos acidentes ocasiona vítimas fatais, 14% deixam feridos e 85% provocam danos materiais. O especialista não atribui uma explicação única aos acidentes. “Normalmente, eles são causados por uma somatória de fatores, que incluem o comportamento dos condutores e dos pedestres, as condições de projeto e manutenção dos veículos, a engenharia de tráfego e as condições do tempo”, diz. Ele afirma que para reduzir os acidentes é necessário que esses fatores sejam corretamente identificados e eliminados sistematicamente.

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