A Secretaria Estadual de Educação (Seed) decide hoje o destino de onze escolas da rede estadual que oferecem ensino de primeira à quarta série em Curitiba. A partir do próximo ano elas devem passar a ser de responsabilidade do município. No entanto, várias comunidades se mostraram contra a mudança. A principal preocupação está relacionada à qualidade do ensino. A municipalização das séries iniciais do ensino fundamental está prevista na Lei de Diretrizes e Bases da Educação de 1996. Hoje em todo Paraná existem 176 escolas nesta situação. Só na capital são 74.
A chefe do Departamento de Infra-Estrutura da Seed, Ana Lúcia de Albuquerque Schulhan, explica que a mudança é inevitável, já que é determinada por a lei. Todos os anos a Prefeitura de Curitiba propõe a municipalização de algumas escolas, a partir disso é estudado a melhor forma para a mudança. Cada unidade é tratada de modo diferente. Entre as escolas estaduais de primeira a oitava série, a Bom Pastor e Nympha, nas Mercês, deve ocorrer uma permuta de alunos. As crianças que estão cursando de primeira a quarta série da escola Bom Pastor seriam transferidas para a Nympha, que passaria a ser municipal. E os alunos de quinta a oitava séries ficariam na Bom Pastor, que continuaria sendo estadual.
A solução seria simples se a comunidade não fosse contra. A diretora da escola Bom Pastor, Maria José de Araújo, comenta que na reunião que tiveram com o secretário de Educação, Maurício Requião, compareceram 350 pais e todos foram contra a mudança. Gilberto Lara conta que os filhos dele estudaram na escola e agora são os netos. “É uma escola de qualidade. Não pode mudar, a gente tem muito carinho e muita história aqui”, diz. Ele também ressalta que a infra-estrutura na unidade é melhor do que na outra. A comunidade sempre foi atuante e está até construindo um anfiteatro. Jamil Martisnki tem dois filhos na escola e também não aprova a mudança. Ele reclama que a outra unidade é muito longe, quase um quilômetro e não há calçadas na rua para as crianças chegarem com segurança até o local. Os pais querem que pelo menos a mudança ocorra de forma gradativa.
Além de ser uma exigência da lei, Ana Lúcia explica que a municipalização vai ajudar a melhorar a qualidade do ensino de quinta série até o ensino médio e ainda aumentar o número de vagas. Ela diz que atendendo menos modalidades de ensino fica mais fácil adequar os espaços físicos e capacitar os professores. Hoje uma equipe formada por membros dos setores da Fundepar (Fundação Educacional do Paraná), Comec ( Coordenação da Região Metropolitana de Curitiba), Seed e Secretaria Municipal de Educação vão decidir a situação de cada escola. Ana Lúcia diz que o secretário ouviu a opinião das comunidades e de acordo com as possibilidades vai atendê-las.
