Secretárias expandem atuação

Elas já abandonaram há muito tempo as velhas máquinas de escrever. E não passam mais o dia apenas servindo café e atendendo ao telefone. As secretárias, que amanhã comemoram o seu dia, passaram a ser peça fundamental nas empresas. Tomar decisões na ausência de executivos, elaborar projetos e até emitir opiniões fazem parte desse novo cenário vivido pelas secretárias.

Da máquina de escrever ao computador. Do telex ao fax. Do correio à Internet. Nos últimos anos o dia-a-dia das secretárias mudou radicalmente. Além de dominar a parafernália da informática outro atributo essencial é dominar uma língua estrangeira. Isso sem contar com a vocação para desempenhar a função.

Elenita de Toledo Barros, instrutora do curso de secretariado do Senac ( Serviço Nacional de Aprendizado do Comércio) explica que é fundamentais ser extrovertida, ter boa aparência e dominar as técnicas do computador e, principalmente, saber trabalhar sob pressão. Devido às cobranças diárias, pessoas extremamente sensíveis dificilmente conseguirão se adaptar.

Para a consultora Stefi Maerker, autora do livro “Secretária uma parceria de sucesso” a nova profissional é uma funcionária essencial para o crescimento da empresa. Atuando no recrutamento de secretárias em São Paulo, ela lembra que atualmente são 64 universidades a oferecer o curso de Secretariado Executivo no País. Mas apenas cursá-los não é o suficiente. O ideal é que as secretárias ainda dominem um idioma e invistam em aperfeiçoamentos. Stefi coloca as secretárias brasileiras como as mais eficientes do mundo, devido ao jeitinho brasileiro. “Elas são criativas. E isso é muito importante na solução dos problemas e no dia-a-dia”, garantiu.

Mercado

O Paraná possui sete universidades que ofertam o curso de Bacharel em Secretariado Executivo. “Curitiba é um excelente mercado”, citou Mirian Daitchmann Daldegan, diretora adjunta do curso de Secretariado Executivo da PUC. Um recém formado chega a receber salários que variam de R$ 1.700 a R$ 2.500.

“Mais que o braço direito”

Viviane Ongaro

Simpáticas, cordiais e competentes as secretárias costumam ser o braço direito dos chefes. Muitas vezes coordenam equipes e tomam decisões.”Ela não é apenas meu braço direito. É o corpo inteiro”, brinca a chefe da assessoria de imprensa da Associação Comercial do Paraná ( ACP), Ruth Bolognese, se referindo à sua secretária Maria Regina Belon. Ela explca que é Regina quem atende até mesmo jornalistas quando há algum imprevisto. Trabalhando há 9 anos na ACP, Regina conhece todas as pessoas da casa. ” Ela está há mais tempo do que eu na Associação. É fantástico poder contar com ela”, elogia..

Da administração ao secretariado

A secretária Nely Mei Lantmann, há quatro anos rabalhava no setor administrativo de uma empresa. Aos 44 anos se viu desempregada pela primeira vez. Tentando uma nova profissão, buscou ajuda em um consultório médico e, para sua surpresa, foi integrada à equipe.

Hoje Nely garante que jamais trocaria de profissão. A oportunidade de estar em contato com outras pessoas fez com que se sentisse uma profissional realizada. Sua meta é se aposentar como secretária. “Eu me sinto muito bem aqui. Encontrei um lugar maravilhoso para trabalhar”, garantiu.

Homens também conquistam espaço

Viviane Ongaro

O cargo de secretária já foi exclusivamente feminino. A cada dia, porém, mais homens o procuram. Os colegas de trabalho Hélio José de Andrade Martins, 29 anos, e Anderson Vital, 25, participaram de um curso de aperfeiçoamento em secretariado oferecido pelo Senac. Embora não estejam atuando como secretários, explicam que o curso serviu para melhorar o trabalho no dia-a -dia.

Na empresa em que trabalham não existe secretária. Mas no caso de Hélio, por exemplo, acaba por desempenhar algumas funções características da profissão. Receber pessoas e organizar documentos têm sido algumas das atividades diárias. Na turma do Senac eram vinte mulheres e apenas quatro homens. “Mas na busca do conhecimento não importa o sexo, o que vale mesmo é aprender”, falou Anderson.

Ricardo Farias, 27 anos, está no 3.º ano do curso de Secretariado Executivo da Pontifícia Universidade Católica do Paraná. Trabalhando há seis anos na área, diz que o mercado está em expansão. Quanto ao preconceito diz que já sentiu por parte de algumas pessoas. ” Decidi ser secretário já que tenho facilidade em assessoramento e gestão. Não vejo problema algum em ser secretário”, disse.)

Início com a máquina de escrever

Viviane Ongaro

O dia em homenagem às secretárias foi instituído durante a segunda fase da Revolução Industrial, por volta de 1860. Christopher Sholes acabara de inventar uma máquina de escrever e sua filha Lílian Sholes, foi a encarregada de testar o invento em público. A filha de Sholes nasceu no dia 30 de setembro de 1850.

Durante a comemoração do centenário do nascimento de Lílian, as empresas fabricantes de máquinas de escrever fizeram diversas comemorações. Entre elas, concursos para escolher a melhor datilógrafa. A idéia foi um sucesso. O concurso passou a ser realizado anualmente sempre em 30 de setembro. Como a participação das secretárias era significativa, a data passou também a ser destinada a essas profissionais.

Com o surgimento das associações de classe de secretárias no Brasil, surgiram também movimentos para o reconhecimento da profissão. Das atividades das associações, uma se destinou à popularização do 30 de setembro. Alguns Estados brasileiros passaram a reconhecer oficialmente o dia.

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