A partir do início da primavera, observa-se a ocorrência de casos de “invasão” de abelhas e vespas em Curitiba e nos municípios da região metropolitana, trazendo incômodos e até risco de morte para as pessoas. Para encontrar soluções e agilizar atendimento à população, a secretaria da Agricultura e do Abastecimento fez uma oficina sobre a necessidade de promover o resgate de enxames de abelhas e vespas com profissionais que atuam nesse atendimento.
A oficina teve a participação do engenheiro agrônomo e professor Adhemar Pegoraro, da Universidade Federal do Paraná, de representantes do Corpo de Bombeiros, de empresas especializadas e de apicultores interessados em fazer o resgate dos enxames de abelhas e vespas que se instalam nos ambientes urbanos.
Foi proposta a realização de um cadastramento, pelo órgão ambiental do estado ou de cada município, de empresas que atuam no resgate, salvaguarda e destinação de enxames de abelhas e vespas, uma vez que esses insetos têm função econômica e ambiental. O cadastramento oficial, apoiado na legislação, iria evitar a redução da população de abelhas, já que a primeira reação da população quando se sente ameaçada é eliminá-las, disse o médico veterinário Roberto Andrade Silva, do Departamento de Economia Rural (Deral) da Seab.
Outro ponto de discussão foi a responsabilidade sobre o custo do resgate, “que não pode ser arcado pela população”, disse Andrade Silva,. Segundo ele, as prefeituras das cidades atingidas devem assumir a responsabilidade de custear os serviços prestados pelos apicultores e empresas especializadas.
Desde o ano passado diante da intensificação de chamados da população curitibana para a existência de enxames de abelhas próxima das residências, a Seab elaborou um cadastro informal de empresas que atuam no resgate e destinação de enxames de abelhas e vespas. Porém esse manejo tem que ter a supervisão de um órgão ambiental ou das prefeituras, defendeu Silva.
Só no ano passado, a prefeitura municipal de Curitiba atendeu mais de 350 pedidos da população para remoção de enxames de abelhas. E a maioria deles na região sul da cidade, nos bairros da Cidade Industrial, Sítio Cercado e Alto Boqueirão. Este ano o número de chamados supera os 100, informou a bióloga Solange Regina Malkowski, da secretaria municipal do Meio Ambiente.
O aumento da população de abelhas e vespas em ambientes urbanos se manifestou no ano passado, devido às condições climáticas mais favoráveis, resultando na multiplicação desses insetos e de enxameações, (divisão das colônias), explicou o professor Pegoraro. Segundo ele, ao se dividirem as abelhas vão em busca de abrigo, não distinguindo o que é meio urbano ou rural. E geralmente elas percorrem uma rota, explicou.
Para Danilo Lima, prestador de serviço que costuma atender os pedidos da população, a falta de um atendimento especializado é um problema, principalmente para o Corpo de Bombeiros, que é uma das instituições chamadas a atender casos emergenciais. Segundo ele, os bombeiros estão preparados para acessar os locais mais inóspitos onde se instalam as colônias de abelhas e vespas. “Mas quando ela é acessada, essa colônia acaba morrendo porque os bombeiros não entendem de abelhas, eles entendem de atender as emergências da população”, explicou.
Na oficina foi abordada a necessidade de conscientizar a população e os órgãos públicos sobre os riscos de eliminação das abelhas e vespas, que são insetos fundamentais na produção de alimentos através da polinização e no manejo de pragas, no caso das vespas. Portanto, elas representam um patrimônio da população e por isso devem ser coletadas e encaminhadas para um produtor ou unidade de conservação, destacou Andrade Silva.
Por outro lado, existe a ameaça à população do ataque das abelhas e vespas que têm reação defensiva quando provocados. Sem falar que 2% da população é alérgica ao ataque desses insetos e uma só picada pode ser fatal. Para solucionar esse impasse, “o poder público precisa se envolver com mais firmeza e determinação, antes que aconteçam tragédias”, alertou Andrade Silva.