De acordo com a Secretaria de Estado da Saúde, do começo do ano até a primeira semana de julho, foram contabilizados 91 casos de hepatite do tipo A em Curitiba e região metropolitana. Entretanto, uma pesquisa revela que esse número vem caindo quando focado em crianças com idade entre zero e 14 anos. Segundo a avaliação, coordenada por professores infectologistas e pediatras da Universidade Federal do Paraná (UFPR), apenas 20% das 900 crianças avaliadas relataram já ter contraído a doença. A pesquisa, realizada em 2006, abrangeu crianças atendidas pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
A pesquisadora Cristina Cruz, uma das coordenadoras do estudo, ressalta que esse número é bem inferior ao que seria previsto para regiões em desenvolvimento pelo mundo. Segundo ela, há uma década, a expectativa era de que cerca de 80% da população contraísse a doença nos primeiros dez anos de vida. “Isso reflete as melhorias de saneamento básico e as condições de vida nos últimos anos, já que a hepatite do tipo A é uma das diversas doenças decorrentes de água contaminada”, afirma Cristina, que preside o Conselho de Infectologia Pediatra da Sociedade Paranaense de Pediatria.
Por outro lado, a preocupação dos especialistas aumenta em relação aos casos que eventualmente podem aparecer envolvendo indivíduos já na idade adulta, considerando que a doença tende a ser mais grave em pacientes mais velhos. “Depois da adolescência, as pessoas passam a comer mais fora de casa, freqüentam lugares onde existem maiores risco de contaminação, como praias e rios. Ou seja, as pessoas ficam mais suscetíveis ao vírus”, conta.
Segundo a pesquisadora, apenas uma em cada mil crianças que adquirem a doença acabam desenvolvendo o estágio grave da hepatite A, que invariavelmente leva à morte. “No caso de adultos o risco da doença chegar ao estágio grave é maior. Nos últimos cinco anos, 135 pessoas morreram em conseqüência da hepatite A”, afirma Cristina.
Para a pesquisadora, além das ações de caráter preventivo, como obras de saneamento básico e tratamento de água, a vacina contra a doença pode diminuir significativamente o número de casos. “A vacina já é liberada há quase uma década e já é recomendada pela Associação Brasileira de Pediatria. O impacto da vacina seria muito bom porque reduziria o número de casos e conseqüentemente as ocorrências de casos graves”, diz.
Hepatite A é uma doença infecciosa aguda causada pelo vírus HVA. Em caso de contaminação, os sintomas são febre, dores musculares, cansaço, mal-estar, náuseas e vômitos. Na maioria dos casos, as fezes ficam amareladas e a urina escura.
Em todo o Estado, somente este ano, foram registrados 335 casos de hepatite.