Seca causa prejuízos à agricultura do Paraná

A estiagem que vem atingindo o Paraná nos últimos três meses ainda pode durar mais algumas semanas. Apesar de estar chovendo constantemente no Estado, as pancadas estão sendo curtas e mal distribuídas e, de acordo com o Instituto Tecnológico Simepar, essa situação não deverá mudar muito até fevereiro.

O meteorologista Reinaldo Kmeib explica que o Paraná não recebe chuvas regulares desde novembro. ?Tem chovido quase todos os dias, mas são apenas pancadas e mal distribuídas. O acumulado é insuficiente.? Segundo Reinaldo, a situação deverá continuar assim pelo menos até segunda-feira, quando uma frente fria avançará pelo Estado e causará chuvas mais regulares em todo o Paraná. No entanto, essa frente fria só irá amenizar o problema. Para o meteorologista, o problema só será contornado no final do verão.

A Companhia de Saneamento do Paraná (Sanepar), por sua vez, informou que a distribuição de água segue normal, mas em algumas cidades da região Sudoeste já estão sendo adotadas medidas operacionais para evitar o racionamento de água.

Agricultura

A produção agrícola paranaense já está comprometida pela seca, principalmente a da região Sudoeste. No Núcleo Regional de Francisco Beltrão, 50% do potencial produtivo já foi perdido. Um levantamento feito na última terça-feira pelo Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria de Estado da Agricultura, constatou que o milho é a cultura mais atingida pela situação climática atual, marcada por chuvas irregulares e abaixo dos volumes mínimos necessários.

De acordo com as avaliações preliminares, o milho da primeira safra já apresenta uma perda de 13% na produção, que inicialmente tinha sido estimada em 8,83 milhões de toneladas. Essa perda aconteceu porque parte significativa das lavouras estava em fase de floração durante o período em que faltou chuva, o que, segundo o Deral, é irreversível.

O levantamento indica que foi perdido cerca de 1,2 milhão de toneladas do produto, que, ao preço médio atual, implica prejuízo financeiro de R$ 237 milhões. Mas os prejuízos podem ser ainda maiores, já que a falta de chuvas regulares dificulta o início da semeadura do milho da segunda safra. Em Laranjeiras do Sul, a perda já atinge 28% do potencial produtivo. Ponta Grossa e Pato Branco apresentam uma perda de 17%. Em Cascavel e Campo Mourão, também já existem perdas.

A cultura da soja também já está sendo atingida. Até o momento, já foi observada uma redução de aproximadamente 3% da produção esperada. O maior prejuízo com a soja também é verificado na região de Francisco Beltrão. Por já estar em fase de colheita, o feijão da primeira safra foi beneficiado pela seca, no entanto, se a estiagem prosseguir, a semeadura da segunda safra será comprometida. A seca também afeta as pastagens. As verduras demandam mais irrigação e perdem qualidade devido à alta temperatura, que diminui a água do solo disponível às culturas.

Granizo castiga o Norte Pioneiro

Elizangela Wroniski

A Defesa Civil e funcionários da Prefeitura de São José da Boa Vista, Norte Pioneiro do Estado, passaram o dia de ontem contabilizando os estragos causados pelo temporal que caiu na cidade no início da noite da última quarta-feira. Algumas casas desabaram e outras tiveram sua estrutura comprometida, deixando cerca de 30 pessoas desabrigadas. Além disso, cerca de 130 moradias foram destelhadas. O abastecimento de água deveria ser restabelecido só na noite de ontem, bem como o de energia elétrica.

No primeiro dia do ano, outro temporal atingiu a cidade, causando prejuízos de quase R$ 7 milhões: 42 pontes do município foram perdidas e muitos moradores da zona rural ficaram isolados.

Segundo o prefeito, Dilceu Bona, a chuva e os ventos de até 70 quilômetros por hora desta semana trouxeram um prejuízo menor, mas o dano social foi bem maior. Ontem, os moradores passaram o dia consertando os estragos e os desabrigados foram para um abrigo da Prefeitura. ?Também estamos doando um pouco de eternit e lona?, disse o prefeito.

Bona se reuniu ontem com o diretor-presidente da Companhia de Habitação do Paraná (Cohapar), Luiz Cláudio Romanelli, para pedir que o projeto de construção de 90 casas já previsto para o município seja apressado. ?Precisamos resolver o problema dessas famílias. Devo receber uma resposta hoje (ontem)?, disse.

O cabo do Corpo de Bombeiros, Amaro Pizeli, diz que os trabalhos devem continuar hoje. Cerca de 100 árvores bloquearam ruas e uma caiu sobre uma casa, destruindo o telhado. ?Vistoriamos parte da cidade e até agora duas casas foram interditadas. Não sabemos se haverá mais?, disse. Na zona rural, um barracão onde se produz seda desabou, mas a lavoura praticamente não foi afetada.

Baixa o nível do lago do Barigüi

Até a região de Curitiba já começa a perceber os problemas da estiagem, principalmente se observados os níveis dos rios e lagos da região. No Parque Barigüi, o baixo nível das águas já começa a dificultar a vida dos animais e a faz aparecer todo o lixo depositado no lago. Esse problema vem merecendo atenção especial de Prefeitura. Os trabalhos tinham se limitado, anteriormente, à dragagem do sedimento acumulado, mas segundo a Prefeitura, está sendo feito um estudo para se avaliar as causas do problema. (RP)

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