A vacina russa Sputinik V contra a covid-19, que anda levantando discussões por causa da falta de informações a respeito da sua eficácia, poderá ser produzida no Paraná a partir do ano que vem e vai contar com os russos como cobaias. Em entrevista coletiva virtual realizada na tarde desta quarta-feira (12), o diretor-presidente do Instituto de Tecnologia do Paraná (Tecpar), Jorge Callado, afirmou que se a vacina russa der resultados positivos em seu país de origem, o Paraná poderá importar as doses antes de começar a produção da vacina no Tecpar.
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Um memorando de entendimentos foi assinado entre o governo do Paraná e a Rússia nesta quarta-feira. O documento garante acordo entre as duas partes e deixa aberta a possibilidade para a realização de testes, produção e distribuição da vacina. De acordo com Jorge Callado, a assinatura desse memorando vai verbalizar as ações futuras da imunização.
Para garantir informações suficientes que comprovem a segurança e a eficácia da vacina, e assim futura importação e produção, está sendo elaborado uma força-tarefa. “Esse grupo de trabalho vai fazer as tratativas técnicas com o grupo de pesquisadores da Rússia. A força-tarefa que será formatada terá a incumbência do intercâmbio das informações”, explicou o diretor-presidente da Tecpar.
O governo do estado confirmou que ainda não tem informações a respeito dos estudos da fase 1 e 2 da imunização russa. Mesmo sem dados concretos que embasam a segurança da vacina, o governo do estado se mostrou disposto a assinar um acordo de produção com o governo russo. “O importante é quanto mais alternativa tivermos, melhor será para o país”, justificou Callado durante a coletiva.
Nesta quarta-feira, a reunião entre o governo do estado e Federação Russa também contou com representantes do Ministério da Saúde, e da Ciência e Tecnologia e demais órgãos do governo federal. Callado afirmou que a reunião para a assinatura do memorando teve uma comunicação bastante ampla entre as partes.
Os estudos da vacina, que seguem na 3º fase na Rússia, também deverão ser realizados no Paraná, com apoio da Secretaria de Ciência e Tecnologia e Ministério da Saúde. “Todos os protocolos de validação serão seguidos, e os testes só serão liberados se aprovados pela Anvisa. Dentro de 30, 40 dias, a nossa intenção é submeter o protocolo para então iniciar os testes no estado”, revelou o diretor-presidente da Tecpar.
Produção a partir do 2º semestre de 2021
Caso todas as etapas de eficácia e segurança da vacina forem vencidas, a expectativa dos pesquisadores paranaenses é de que a produção possa acontecer, de uma forma muito prudente, a partir do segundo semestre do ano que vem. Contribui para esse prazo, que pode ser adiantado, a aprovação da vacina pelos órgãos de segurança federais e transferência de tecnologia.
O mais importante, segundo Callado, é que todas as etapas devem ser vencidas com segurança. “É um momento de ansiedade e a segurança é um fator importante. O tempo é sempre subjetivo, estamos trabalhando com vírus e nem sempre estamos adequados a esse momento. Temos que respeitar as leis da natureza. O mais importante é que o Brasil está inserido nesse contexto, com laboratórios públicos e privados participando dessa corrida pela vacina. Quanto mais alternativas, melhor. Toda guerra tem como saldo o desenvolvimento de várias áreas”, finalizou o diretor.