A população mais carente de Colombo que usa o sistema público de saúde está sofrendo para conseguir atendimento digno. É preciso esperar horas nas filas nos postos de saúde e também nos pronto-atendimentos (PA). Muitos chegam de madrugada para conseguir uma consulta. A situação piora para os casos de emergência. Como a cidade não têm hospital equipado com leitos de UTI, quem precisa de atendimento especial agoniza enquanto espera uma vaga que precisa ser indicada pela Central de Leitos do Paraná.
Só ontem, o Pronto-Atendimento do Alto Maracanã teve duas situações de urgência. A primeira foi uma paciente com pressão alta que ficou esperando quase 20 horas até conseguir um leito de UTI. Isso aconteceu no início da tarde. Logo depois, por volta das 14h30, uma idosa chegou com parada cardíaca. Todos os quatro médicos, quatro estagiários de medicina e quatro enfermeiros suspenderam todos os atendimentos do PA para dar assistência ao caso grave.
Enquanto isso, mais de 100 pessoas esperavam atendimento. Mesmo com estrutura e equipamentos precários, a senhora que teve parada cardíaca ficou no PA e até o início da noite de ontem ainda não havia sido disponibilizado um leito para que ela recebesse tratamento adequado.
O administrador do PA do Alto Maracanã, José Roberto Araújo Trautwein, afirma que a situação vivida ontem se repete diariamente. ?Nós deveríamos atender só os casos de urgência e emergência, mas tudo acaba caindo aqui. A população prefere vir para cá porque os atendimentos nos postos de saúde demoram mais?, explica.
São quatro médicos durante o dia e dois no período da noite e madrugada, para atender uma média de 300 pacientes por dia. Trautwein afirma que a média de espera para ser atendido é de duas a três horas. Quando chega um paciente precisando de UTI, não há como prever.
A assistente administrativa Leonice Pereira chegou às 11h para conseguir uma consulta no PA do Alto Maracanã. Quando conversou com a reportagem, por volta das 16h, ainda não tinha conseguido ser atendida. ?No posto do Atuba, lá perto de onde eu moro, é impossível conseguir consulta. Só existe um clínico geral para atender pessoas de cinco bairros. E o único jeito é entrar na fila lá pelas 4h da manhã. Então acabo vindo aqui no PA, mas a situação não é muito melhor?, diz.
O secretário municipal de Saúde de Colombo, Gessé Moreira, reconhece que a situação do atendimento à saúde no município é deficitária. ?Não temos médicos suficientes, apesar de já termos contratado outros 11 este ano. Além disso, a população não colabora, procurando o PA para qualquer tipo de atendimento, porque reclama da demora de atendimento nos postos. Mas isso congestiona os atendimentos de urgência?, afirma.
Secretário põe a culpa no Estado
O secretário municipal de Saúde de Colombo, Gessé Moreira, afirma que o problema enfrentado por Colombo é causado pela falta de investimentos do governo estadual. ?Temos uma Santa Casa que não tem UTI. Precisamos de investimentos do governo estadual para disponibilizar leitos no município?, afirma.
O diretor de sistemas de saúde da Secretaria de Estado da Saúde, Gilberto Martin, afirma que o problema não será resolvido criando-se leitos de UTI. ?Precisamos ter leitos resolutivos, ou seja, que tenham capacidade de funcionar bem. Não adianta nada criar uma UTI na Santa Casa de Colombo, por exemplo, porque o hospital não tem estrutura para realizar atendimentos com essa complexidade?, explica.
Martin afirma que boa parte do problema seria resolvido com a melhora na estrutura de atenção básica de saúde nos municípios, que segundo ele, repercute na diminuição no número de internamentos.
Moreira reconhece que Colombo não consegue atender adequadamente à demanda pelos serviços de saúde. O município tem 20 postos de saúde, dois pronto-atendimentos e uma Santa Casa. São 191 médicos para atender uma população de 220 mil habitantes. Com isso, leva-se uma semana para conseguir uma consulta nos postos e cerca de 30 dias para fazer um exame. (SR)