A Secretaria Municipal da Saúde (SMSA) de Curitiba vai realizar uma auditoria nos próximos dias para apurar uma denúncia de envolvimento de agenciadores que estariam marcando consultas pelo Sistema Único de Saúde (SUS) em Curitiba para pacientes de algumas cidades de Santa Catarina. Eles estariam cobrando pelo serviço. A SMSA vai encaminhar ainda ao Ministério Público (MP) toda a documentação levantada sobre o procedimento, para que uma investigação seja aberta. Entre as provas já armazenadas, uma fita cassete com a gravação de uma entrevista concedida à rádio CBN por alguns pacientes, confirmando o agenciamento para serem atendidos pelo SUS.
A empresa curitibana SOS Doutor Assessoramento e Agendamento de Serviços Médicos, que seria a responsável pelo procedimento, nega as denúncias, alegando que as consultas estão sendo marcadas para a realização de exames em clínicas particulares. O translado em veículos públicos, explica Regina Gento, proprietária da empresa, é um procedimento legal e disponibilizado pelas prefeituras das cidades catarinenses. “Essas pessoas vinham fazer um exame e esperavam um dia inteiro na fila sem conseguir o que queriam. O nosso trabalho é agendar esses exames em clínicas da capital com 50% de desconto, para que não pese no bolso dessas pessoas. É um procedimento comum e não tem nada de ilegal”, destaca.
A superintendente da SMSA, Edimara Faut Seegmueller, por outro lado, destaca que o Estado, a Secretaria de Estado da Saúde de Santa Catarina e o Ministério da Saúde serão notificados para que acompanhem e colaborem na resolução do caso. “Tudo deverá ser apurado e resolvido. Estamos fazendo tudo que podemos para esclarecer essa questão. Temos fotos dos veículos de prefeituras de Santa Catarina no local e me parece estranho esse procedimento”, diz. “Se as irregularidades forem comprovadas, algo terá que ser feito. Não se cobra de um paciente uma consulta pelo SUS”, completa.
Movimento
Edimara também explica que esse fato implica diretamente em outra preocupação da SMSA: a lotação nas instituições que atendem pelo SUS na capital. Segundo ela, o problema de leitos e dos atendimentos vêm ocorrendo há muito tempo, e com a paralisação dos serviços na Santa Casa de Paranaguá, na última quinta-feira, o movimento cresceu muito. “Uma reorganização do fluxo de pacientes que chegam até a capital tem que ser realizada, para que não ocorra novos problemas. Os mais prejudicados acabam sendo os próprios curitibanos. E, com mais essa denúncia, percebemos que a situação está muito preocupante”, adverte.
Em Curitiba funcionam 50 hospitais. Desse total, 33 são credenciados ao SUS, cinco são públicos e três universitários. São realizados, por ano, cerca de 170 mil internamentos. Desde 1992, ano da criação do SUS, 30% das internações e atendimentos especializados é destinado à pacientes de outros municípios e de outros estados.