Foto: SECS |
Xavier afirma que busca melhorar situação dos profissionais. |
Em 2002, o depoimento de uma moradora de favela do Recife ao presidente Lula durante o lançamento do programa Fome Zero ficou famoso, mesmo que a autora permaneça anônima até hoje: ?O que o pessoal precisa mesmo é de uma casa com água e esgoto. Tendo uma habitação digna, a comida a gente consegue?. A fala se tornou bandeira dos defensores da prática da ?promoção da saúde? – dentre eles o próprio Sistema Único de Saúde (SUS). A idéia é que tendo uma boa qualidade de vida, a saúde da população está garantida.
Com o tema ?Gente que faz saúde?, o Dia Mundial da Saúde, comemorado hoje, tem entre seus objetivos incentivar essa nova prática e homenagear não apenas os médicos – que sempre estiveram à frente dos antigos modelos de saúde -, mas sim todos os profissionais que estão de alguma forma envolvidos em promover a qualidade de vida da população. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), que organiza a efeméride, na América Latina existem sete milhões e meio de pessoas envolvidas nesse processo.
?Nessa nova visão, a hierarquia que colocava o médico como o profissional mais importante não existe mais. Para a promoção da saúde temos equipes multiprofissionais horizontalizadas, onde todos têm o mesmo valor?, explica Rogéria Ribas Prestes, assessora da diretoria do departamento de Sistemas de Saúde da Secretaria de Estado de Saúde. A data pretende lembrar que assistentes sociais, enfermeiros, paramédicos e até mesmo os administradores são tão responsáveis quanto os médicos para proporcionar uma qualidade de vida digna para a população.
Material humano
Mas a OMS também lembra que em todo o mundo há uma escassez crônica de profissionais da saúde, porque houve poucos investimentos em sua educação, formação, remuneração e condições de trabalho, e por isso há uma carência grave de pessoal com conhecimentos chaves, um número cada vez maior de pessoas que mudam de carreira ou se aposentam antes do tempo. ?No Paraná, além da escassez, temos os entraves normais, como salário, que além de tudo transformam a área numa das mais estressantes que alguém possa ingressar?, lembra Rogéria.
O secretário de Estado da Saúde, Cláudio Xavier, afirma que o governo tem feito esforços para melhorar a realidade dos profissionais de saúde no Paraná. Ele cita que no último dia 3 o governo aumentou os salários dos servidores públicos – com reajustes médios que variam de 25,56% a 88,1% -, desde 2003 houve aumento de 8,3% no total de funcionários da Secretaria e a constante formação e qualificação do pessoal que atua na área. ?Nos três últimos anos, a saúde do Paraná obteve uma série de vitórias, mas nenhuma delas seria possível sem a participação dos profissionais da saúde paranaenses.?
O médico Paulo Kussek ressalta ainda que as relações entre pacientes e aqueles que devem promover a saúde também passam por um momento delicado devido ao que classifica de ?comercialização? da saúde. ?Os pacientes vão ao médico que o plano de saúde indica ou permite. Nesse quadro é difícil humanizar o atendimento.?
Secretarias preparam atividades para o público
O Dia Mundial da Saúde foi criado no dia 7 de abril de 1948, pela OMS, baseado no direito do cidadão à saúde e na obrigação do Estado na promoção dela. A data ainda se desdobra na Semana Pan-Americana da Saúde, onde os governos dedicam atividades voltadas a impulsionar iniciativas que apontem para o fortalecimento de políticas, programas e serviços de saúde. A Prefeitura de Curitiba irá promover, amanhã, um grande mutirão para fazer pelo menos 5 mil testes de HIV num único dia.
Vinte e seis unidades de saúde irão abrir, das 8h às 17h, exclusivamente para atender interessados em fazer o teste. A mobilização marca o lançamento do sistema de testagem rápida, ainda inédito no País. O resultado do exame – gratuito e indolor – sai em meia hora. De acordo com a Prefeitura, desde que a aids começou a ser monitorada em Curitiba, em 1984, foram registrados 7.550 casos (5.093 homens e 2.457 mulheres). Hoje, no município, cerca de 3,2 mil pessoas estão sob acompanhamento médico e fazendo o tratamento com medicamentos.
Já a Secretaria de Estado de Saúde, através do Centro de Hematologia e Hemoterapia do Paraná (Hemepar), vai participar amanhã, juntamente com o Projeto Mais Vida, de uma grande confraternização que irá reunir mais de dois mil doadores de sangue em frente ao Hemepar, para sensibilizar as pessoas a doarem sangue. Em média, o Hemepar recebe cerca de 80 doadores nos sábados e para este final de semana estão previstas cerca de 180 doações, um aumento de 125%. O diretor do Hemepar, Vilmar Guimarães, destaca ainda que ninguém ficará sem atendimento. O centro precisa de aproximadamente 120 doadores por dia para atender a demanda de 40 hospitais conveniados em Curitiba e Região Metropolitana, além da Hemorede em todo o Paraná. Para manter os estoques, são realizadas cerca de 12 a 14 coletas externas por mês em empresas, escolas e outras instituições. O Hemepar fica na Travessa João Prosdócimo, 145, Alto da XV, e está aberto diariamente para pessoas interessadas em doar sangue.