Os trabalhadores de hospitais particulares e filantrópicos de Curitiba e Região Metropolitana prometem cruzar os braços a partir das 6h de quinta-feira. O principal motivo da greve é a falta de acordo sobre o reajuste salarial da categoria, que reúne cerca de 10 mil profissionais. Os trabalhadores prometem manter à disposição da população um pronto-socorro e 30% dos serviços considerados essenciais.
De acordo com a presidente do Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos de Serviços de Saúde de Curitiba e Região (Sindesc), Isabel Cristina Gonçalves, a categoria tem data-base em maio e, desde março, vem procurando discutir a pauta de reivindicações com o sindicato patronal, sem obter avanços. Segundo ela, os trabalhadores pedem 17% de reajuste salarial e receberam como contra-proposta apenas 3,34%. "O nosso pedido inicial era de 24%, que compensaria as perdas salariais desde maio de 1998. Porém, no processo de negociação resolvemos deixar em 17%", comentou.
Outro ponto que inviabilizou as negociações, disse a sindicalista, foi a proposta dos patrões de supressão de direitos adquiridos, como a redução da jornada de trabalho de 36 horas semanais para 44 horas semanais. Isabel afirmou que o argumento para a mudança seria uma alteração de salário. "Mas esse suposto aumento de salário seria corroído com o tempo, sem contar o estresse que seria gerado pelo aumento de jornada", falou.
O Sindicato dos Hospitais e Estabelecimentos de Serviço de Saúde do Paraná (Sindipar) informou, através da sua assessoria de imprensa, que o setor está aberto à negociações. Além disso, em todos os encontros com os trabalhadores deixou claro a impossibilidade financeira de atender o pleito da categoria.
Esse cenário está ligado diretamente as defasagens relativas aos repasses do Sistema Único de Saúde (SUS) e saúde suplementar (convênios) aos hospitais. Sobre a alteração na jornada de trabalho, o sindicato patronal informou que isso foi apenas uma alternativa apresentada pela entidade para melhorar o salário dos trabalhadores que atuam em alguns setores, pois eles poderiam trabalhar no mesmo local, por mais tempo e receber um salário maior.
O Sindipar afirmou que irá esperar a greve iniciar para tomar as medidas legais. Em 2005 os trabalhadores de hospitais particulares e filantrópicos também ameaçaram entrar em greve, mas fecharam acordo antes do início do movimento.